Foto: Bebidas/CanvaPro
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Quando houve o primeiro registro de caso por intoxicação por metanol, em agosto deste ano, muitos clientes acabaram se afastando de muitos bares e restaurantes de todo o Brasil. Segundo dados do índice Abrasel-Stone, divulgado nesta segunda-feira (20), as vendas referentes ao mês de setembro caíram 4,9%. Se comparar ao mesmo mês de 2024, a retração foi de 3,9%, após três de estabilidade.

E o temor e preocupação por parte dos consumidores não é à toa. Segundo informações do Ministério da Saúde, divulgados na última sexta-feira (17), o Brasil tem 133 notificações de intoxicação por bebidas adulteradas com o composto químico metanol. O estado de São Paulo lidera o ranking com a maior quantidade de casos, com 38 confirmados e 44 sob investigação.

Além de São Paulo, há casos confirmados em outros estados, como Paraná (4), Pernambuco (3) e Rio Grande do Sul (1). Ao todo, oito pessoas faleceram no país vítima das bebidas falsificadas.

As autoridades seguem investigando e buscando tomar medidas cabíveis para frear as ações criminosas. Na última semana, a Polícia Civil de São Paulo destruiu mais de 100 mil garrafas usadas com suspeita de contaminação de bebidas alcoólicas.

Entretanto, após o anúncio do primeiro caso, já foi mais que suficiente para o estrago já ser feito. Segundo o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, setembro já havia começado com um ritmo abaixo do esperado em comparação a agosto, mês que se comemora o Dia dos Pais, data importante para a arrecadação do setor.

“O impacto dos casos de intoxicação por metanol, espalhou pânico entre os consumidores e provocou uma queda na movimentação de alguns estabelecimentos”, destaca.

A pesquisa do índice, embora não seja o “censo oficial” de representantes do setor, traz indícios do impacto no segmento. A pesquisa é elaborada a partir de dados do volume de vendas das transações financeiras capturadas pela fintech (Stone) das maquininhas presentes nos estabelecimentos.

A recente crise do metanol é mais um motivo de incerteza no setor, porém, não é o único motivo da queda na arrecadação. De acordo com Guilherme Freitas, economista e pesquisador da Stone, “a inflação específica do setor continua pressionada, com alta acumulada em doze meses, o que encarece o tíquete médio e aumenta o preço”, afirma o especialista à revista Forbes Brasil.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,48% no mês de setembro. O setor de alimentação fora do domicílio – onde o ramo de bares e restaurantes estão inseridos, registrou uma desaceleração entre agosto (0,50%) e setembro (0,11%), reforçando os indicativos da pesquisa da Abrasel-Stone.

No panorama nacional, dos 24 estados contemplados pelo levantamento, somente dois – Mato Grosso do Sul (1%) e Maranhão (2,6%) – apresentaram uma elevação acerca da movimentação de bares e restaurantes no mês de setembro.

Já entre os Estados com um desempenho negativo, as maiores quedas foram observadas em Roraima (11,5%), Pará (9,9%) e no Rio de Janeiro e Santa Catarina, empatados com 7,6%.