O desejo de proporcionar oportunidades para a sua comunidade foi o que motivou Carol Santos, Fundadora do Educar+, no Complexo do Chapadão, Rio de Janeiro, a aprender mais sobre Web3.
Em entrevista ao BP Money durante o Blockchain.RIO, Santos afirmou que ainda enxerga o ecossistema de blockchain muito nichado para pessoas ricas, homens e brancos. “São poucas pessoas que falam de impacto relacionados a blockchain”, afirmou.
Além de ser um tema que ainda atrai grupos muito específicos, mulheres e pessoas periféricas ainda têm dificuldade de acessar esses espaços e conhecimentos. Um dos pontos que dificulta esse acesso é o da representatividade.
“É um ecossistema que a maioria são homens. Como pensar em chegar nesse público, se não existe representante desse público dentro do ecossistema?”, questionou Camila Santos.
Um dos exemplos que Camila Santos deu foi da dificuldade de ver mulheres chamadas pela curadoria de eventos do ecossistema. “Chamam a gente para os eventos de tecnologia para falar em um painel sobre ‘mulheres na tecnologia’. Só que, das quatro mulheres convidadas, uma é especialista em regulação, a outra é especialista em investimento… e elas não são convidadas para os painéis técnicos” ponderou.
Santos defendeu que um dos caminhos para corrigir essa disparidade é ter uma curadoria com olhar intencional, focado em “sair da bolha”, e ter uma parcela de convites reservada para mulheres.
Para chegar aos mais jovens o desafia passa por ter agentes de transformação ligados a crianças e adolescentes.
“Para chegar nesses adolescentes, nessas crianças, é necessário chegar nessas organizações sociais que estão atuando na ponta. Você dificilmente vai conseguir atravessar, sabe? Um punhado de algoritmos e obstáculos para ir direto para essa criança. Sabe? Você vai precisar de um intermediador”.
O conhecimento sobre blockchain é, na visão de Camila Santos, uma forma de expandir as oportunidades para que a população tenha uma vida melhor.
“Democratizar o acesso a essa informação para esse público é extremamente importante, eu faço parte desse público e eu entendo que a tecnologia mudou a minha realidade e ela também pode mudar a realidade de outras pessoas”, declarou a CEO do Educar+.
Tudo começou em 2021
Através do Educar+ e de outros projetos desenvolvidos por Camila Santos, como eventos, encontros, formações, bootcamps, hackathons, a jovem promove as oportunidades em blockchain e Web3 para mulheres, crianças e adolescentes periféricos.
Tudo começou em 2021. De acordo com a CEO, ela ouviu falar sobre blockchain e Web3 pela primeira vez através do mundo do jogo Axie Infinity (um videogame online baseado em NFT desenvolvido pelo estúdio vietnamita Sky Mavis, que usa criptomoedas baseadas em Ethereum, Axie Infinity Shards e Smooth Love Potion).
Santos entrou em contato com três pessoas que estavam desenvolvendo um projeto social utilizando blockchain. “Quando ele falou blockchain, cripto, eu falei: ‘Espera lá, né? Será mesmo?'”, revelou. Mas ouvir sobre as oportunidades que poderiam se abrir através desse ecossistema fez com que ela começasse a pensar de maneira diferente.
“Eu tenho um compromisso muito sério que é levar o que eu entendo como oportunidade para minha comunidade. Então, quando eles começaram a falar que existiam muitas oportunidades dentro dessa dessa comunidade, eu falei: ‘tá, eu preciso entender'”, e os estudos se iniciaram.
O primeiro evento do qual ela participou foi em 2022. Chegando lá o ambiente era dominado por pessoas brancas, homens e, segundo ela, que não eram do Rio de Janeiro. Após sair do evento, Camila começou a maturar a possibilidade de levar a tecnologia para as periferias, não apenas Chapadão.
Hoje a Educar+ atua com projetos educacionais, culturais e tecnológicos para mais de 200 crianças e adolescentes. Um dos exemplos citados de como a vida de uma criança foi transformada pelo conhecimento de blockchain foi quando, em 2022, uma coleção de NFT feita por crianças gerou renda para famílias.
Dentre outras coisas, Camila Santos também lidera programas educacionais de blockchain para mais de 100 mulheres em parceria com Women in Tech Global e organiza eventos inclusivos de tech, como bootcamps e hackathons internacionais. Inclusive, durante o Blockchain.RIO, foi realizado um brunch somente para mulheres, em parceria com a Bybit e a Theter.