3º Seminário de Governança do Nordeste

Ex-diretor do Flamengo diz que 'SAF não é solução dos problemas'

Wallim Vasconcellos, ex-diretor do BNDES e ex-VP de Finanças do Flamengo esteve presente no 3º Seminário de Governança do Nordeste promovido pelo IBGC

Wallim Vasconcellos. Créditos: Sérgio Figueiredo
Wallim Vasconcellos. Créditos: Sérgio Figueiredo

“As SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) chegaram ao Brasil em 2021 para solucionar problemas pontuais dos clubes brasileiros que estavam em uma situação financeira difícil. Mas a SAF não é a solução dos problemas. A gestão faz toda a diferença em qualquer empresa e não seria diferente num clube de futebol”, disse Wallim Vasconcellos, ex-diretor do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e ex-vice-presidente de Finanças do Clube de Regatas do Flamengo.

O gestor ainda disse que “uma organização interna eficiente, com processos, fluxos e sistemas bem definidos, sobretudo pessoas de credibilidade e capacitadas, permite a captação de recursos e atrai patrocinadores, gerando um ciclo virtuoso”. Wallim Vasconcellos esteve presente nas gestões de Eduardo Bandeira de Mello e Rodolfo Landim no clube carioca.

O diretor concedeu entrevista ao BP Money durante o 3º Seminário de Governança do Nordeste, organizado pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) realizado na manhã desta terça-feira (26). Wallim Vasconcellos foi um dos participantes do painel Governança no Futebol ao lado de Heloísa Rios, CEO na Universidade do Futebol, sócia-fundadora da InConnection e apresentadora do Game Changers.

Liga Brasileira de Futebol traria um ‘saneamento financeiro’

O gestor comentou que a criação da Liga Brasileira de Futebol com critérios técnicos, financeiros, estruturais e profissionais seria fundamental para o que chamou de “saneamento financeiro” do futebol nacional.

“Muitos clubes do Brasil enfrentam um endividamento significativo. A criação de uma liga independente é fundamental para o saneamento financeiro do futebol brasileiro. Uma liga com profissionais qualificados, fair play financeiro rigoroso, estádios seguros e modernos, um calendário racional, arbitragem profissionalizada e uma justiça desportiva independente e competente, transformaria a liga em uma das mais atraentes do mundo”, expressa Wallim.

O gestor também disse que esse ajuste na estrutura do futebol, permitiria que os novos talentos optassem por permanecer em destaque aqui, ao invés de irem muito cedo para o exterior. “Meninos que querem ir muito cedo para a Europa, vão continuar aqui, pois teremos campeonatos mais competitivos, isso faria com que ao invés deles irem embora com 15 ou 16 anos, optassem por sair daqui do Brasil com 22 ou 23 anos.”

Wallim ainda afirmou estar otimista com o futebol brasileiro, mas sinalizou que os clubes devem “pensar no todo e não só no seu clube”. “Eu sou muito otimista em relação ao futebol brasileiro, porém tem que melhorar bastante as gestões. Existem ferramentas de melhorar os clubes, agora temos que ter também dirigentes capazes de pensar no todo e não só no seu clube, para que assim, possamos desenvolver um ambiente competitivo e uma liga muito mais atrativa”, finaliza o diretor.