
A Conselho Administrativo do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), Débora Wright, defendeu que o mercado de capitais do Brasil tem potencial para ser muito maior.
Executiva concedeu entrevista ao BP Money nesta quarta-feira (8), durante o congresso do IGBC, realizado em São Paulo (SP).
Durante a sua fala no evento, Wright comparou o mercado de capitais de 2025 com a expectativa que exista no início dos anos 2000. “Foi um momento, em termos dos mercados mundiais, da bolha da internet e teve uma bolha de internet também no Brasil, né? Naquele momento, já se falava que o mercado de capitais do Brasil mereceria um protagonismo e um tamanho maior.”
Apesar de ser um debate antigo, a realidade não acompanhou o que era esperado e, hoje, o mercado de capitais ainda tem muito potencial de crescimento. A executiva disse ainda que, em termos de governança, o Brasil se desenvolveu muito e está à par das melhores práticas.
“O IBGC está sempre publicando e também falando sobre as melhores práticas; e os empresários, as empresas estão também já adotando, se desenvolvendo, melhorando. Então, eu acho que, nesse sentido, não há entraves, em relação a conhecimento de governança, nem regulação”, analisou.
Mercado público e mercado privado
Ao ser perguntada sobre o que pode ser feito para que o mercado de capitais seja mais efetivo no financiamento de empresas, Débora Wright afirmou que, enquanto maneira de captar fundos, o mercado público é mais sofisticado.
“O mercado público, naturalmente, exige que se preencha uma série de requisitos. […] Eu acho que esses requisitos são conhecidos e, tanto empresas startups como empresas estabelecidas – como as grandes empresas brasileiras, algumas inclusive internacionais que tem o seu capital negociado na bolsa brasileira – de fato estão executando todos os requisitos, as boas práticas”.
Nesse aspecto, Wright considera que também não há nenhum tipo de constrangimento que impeça o crescimento do mercado privado, pontuou.
Diante do contexto em que as empresas estão mais preocupadas com governança e, paralelamente, a população está um pouco mais atenta ao tema, Débora Wright afirmou que os Conselhos têm trabalhado para equilibras as ações a longo e curto prazo.
“O que nós temos assim de talvez mais maior desafio, né?”, questionou a executiva “A gente tem, globalmente, um momento geopolítico que não é muito simples para nenhum país e assim reflete naturalmente no nosso momento econômico brasileiro. Então, os grandes investidores institucionais buscam justamente tudo que o nosso mercado de ações já oferece, né? Por isso quando eu digo: ‘Ah, eu sinto uma certa frustração’ É que o nosso mercado não se desenvolva com mais celeridade”, declarou Débora Wright.
Ao fim da entrevista, Wright defendeu a governança enquanto um meio para o crescimento das empresas e do mercado de capitais no Brasil:
“Eu sou muito otimista em relação às oportunidades que existem no mercado brasileiro, de que governança não é um fim em si mesmo, mas é um meio. […] é absolutamente essencial que haja governança num processo de adicionamento de valor. O custo da governança não é ‘ah, é burocrático, é um custo que a empresa não consegue’; não é nada disso. É muito importante que cada um entenda governança é uma jornada e quanto mais cedo as empresas iniciarem com esse processo, mais rápido eles aprendem”, concluiu.