
Os pilares do ASG (Ambiental, Social e Governança) – também conhecido como ESG na sigla em inglês – têm grande potencial de fortalecer a economia das empresas, defende Jandaraci Araujo, conselheira admnistrativa de instituições como FutureClimate Group e Instituto Inhotim e professora da Insper.
A conselheira concedeu entrevista ao BP Money durante o 3º Seminário de Governança do Nordeste, realizado nesta terça-feira (26). Jandaraci Araujo foi moderadora do painel Valor da Governança por Investidores e Instituições Financeiras. Evento é organizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Apesar de, no imaginário das empresas, os pilares serem tratados de maneira desproporcional, a conselheira defende que, quando trabalhados em conjunto, as noções de responsabilidade ambiental, social e governança favorecem o aspecto econômico das instituições para além do lucro.
“A economia é feita de pessoas também. É por isso que essa configuração linear e circular entre os pilares do ASG, é fundamental […] Negócios a gente, até o momento, só faz nesse planeta. A gente precisa de pessoas. Robôs e Inteligência Artificial são ferramentas para aumentar a produtividade, para melhorar a qualidade de vida, mas não substitui pessoas. Quem toma a decisão de consumir ou não consumir são pessoas, né? De comprar ou não comprar, de trabalhar ou não trabalhar, são pessoas”, analisou
“Não existe uma em perspectiva de pêndulo ‘ou o ambiental é mais importante ou social é mais importante ou a governança é mais importante'”, explicou Araújo.
“Eu só vou ter uma perspectiva de governança ambiental – que a gente precisa falar, mas não fala muito sobre isso, né? – governança climática, a partir do momento que eu tenho uma governança bem estabelecida. Que são os papéis, a transparência, a equidade no processo de tomada de decisão, porque ninguém fala sobre equidade sobre essa perspectiva”, completou.
Mudança de olhar sobre os pilares de ASG
A mudança no olhar para com os pilares Ambiental, Social e Governança também foi defendida pela conselheira. Um dos exemplos citados por Jandaraci Araujo foi o aspecto de responsabilidade social das empresas, que é confundido com filantropia.
“É importante a empresa que está inserida numa comunidade trazer, sim, sua perspectiva de impacto social, porque é para isso que a empresa existe. Como ela impacta socialmente? Gerando renda, gerando trabalho; isso é impacto social. E a gente traz isso de uma perspectiva às vezes não muito positiva”.
Jandaraci Araujo reforçou a importância do aspecto ambiental para todos os tipos de negócios, não apenas aqueles que trabalham de maneira mais direta com a natureza:
“Eu costumo dizer: não importa qual é o seu modelo de empresa, se é uma empresa, se uma indústria que é extrativista ou depende da extração de recursos naturais ou se a gente tá falando de uma empresa de serviços, a gente precisa do meio ambiente” declarou. “Quando a gente tem, por exemplo, algum desastre climático, todas as empresas são impactadas”
“Com essa perspectiva a gente começar a olhar esse anacronimo [ASG] de forma conjunta, sem ser pendular, nem mais um, nem mais outro, mas de forma equânime, e trazendo a importância dele para as empresas e para a sociedade, a gente vai conseguir com que as pessoas entendam que isso não é uma moda, não teve um hype, e é importante para a gente falar de sustentabilidade da empresa, que é um termo muito mais amplo do que o anacronimo e as pessoas acabam confundindo o ASG com sustentabilidade” refletiu Jandaraci Araujo em sua fala.