RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – De cada dez indústrias brasileiras, oito inovaram na pandemia e, graças a essa decisão, alcançaram ganhos em lucratividade, produtividade e competitividade.
A conclusão faz parte de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (19) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) feita com companhias de médio ou grande porte.
Segundo o levantamento, a inovação é considerada uma necessidade para sobrevivência ou crescimento de 84% das indústrias brasileiras no pós-pandemia.
Na visão da entidade, o estudo mostra que o tema já faz parte das metas da maioria das fábricas. O problema é que gargalos diversos ainda travam o desenvolvimento na área. Entre eles, está a dificuldade de acesso a financiamentos.
O levantamento divulgado pela CNI foi elaborado pelo Instituto FSB Pesquisa. A amostra é composta por entrevistas por telefone com 500 executivos de indústrias de médio (50 a 249 funcionários) e grande porte (a partir de 250). A coleta dos dados ocorreu em setembro.
Segundo a pesquisa, a fatia de 84% dos entrevistados afirmou acreditar que precisará mais de inovação para crescer ou mesmo permanecer no mercado pós-coronavírus. Os outros 16% ainda não veem essa necessidade.
No recorte por tamanho, as médias empresas são as que mais sentem a obrigação de investir em inovação no pós-crise: 85%. Entre as grandes, o percentual de companhias que enxergam essa necessidade foi de 80%.
“Já existe uma consciência formada de que a inovação é o único caminho para o crescimento das empresas e do país”, analisa Gianna Sagazio, diretora de inovação da CNI.
Mesmo com o percentual elevado (80%) daquelas que inovaram na pandemia e alcançaram ganhos em lucratividade, produtividade e competitividade, mais da metade dos negócios (51%) ainda não conta com um setor específico para o desenvolvimento de práticas inovadoras.
Conforme o estudo, 63% das empresas não apresentam um orçamento exclusivo para a área.
A principal dificuldade para inovação na pandemia foi o acesso a recursos financeiros de fontes externas, diz o levantamento. Esse aspecto foi citado em 19% das entrevistas.
“O crédito não é acessível para as empresas. Ainda é muito caro”, afirma Gianna.
Na avaliação da diretora da CNI, é necessário que o governo federal encontre mecanismos para viabilizar mais ações de estímulo à inovação. Essa busca, diz, precisa ser feita em articulação com os setores privado e acadêmico.
“O governo tem de estar junto nessa luta. Não são só as empresas”, menciona Gianna.
Instabilidade do cenário externo (8%) e falta de mão de obra qualificada (8%) são outros fatores apontados pelas indústrias como dificuldades na hora de inovar.
A pesquisa também mostra que, nos próximos três anos, as empresas consideram como prioridades ampliar o volume de vendas (49%), produzir com menos custos (49%) e atuar com mais eficiência (41%).
Outras metas citadas são ampliar o volume de produção (34%), fabricar novos itens (27%) e inovar respeitando critérios de sustentabilidade ambiental (25%).
A pesquisa foi divulgada um dia antes de a CNI e o Sebrae realizarem o lançamento do 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria. O lançamento está marcado para esta quarta-feira (20).
O evento, de caráter virtual, ainda está com inscrições abertas. Elas podem ser feitas de maneira gratuita pelo site do evento.
A principal atração será o engenheiro eletrônico norte-americano Steve Wozniak, cofundador da Apple. O convidado deve falar sobre o futuro da inovação.