Economia

ACM Neto defende reforma tributária sem aumento de imposto

Neto se colocou contrário à elevação dos impostos de renda e expressou que o governo terá de fazer “o dever de casa” para evitar esse cenário.  

O presidente nacional dos Democratas (DEM), ACM Neto, defendeu, em entrevista ao BP Money, na noite desta quarta-feira (18), a aprovação da reforma tributária e, ao mesmo tempo, expressou em tom de preocupação que o maior desafio da área econômica será evitar o estouro na carga tributária.

A fala foi dada durante evento em São Paulo, organizado pela Prefeitura de Salvador na Villa Blue Tree, no centro financeiro do País, para promover o verão da capital baiana. Em entrevista, Neto se colocou contrário à elevação dos impostos de renda e expressou que o governo terá de fazer “o dever de casa” para evitar esse cenário.  

“É bom destacar que vários setores econômicos estão preocupados com a possibilidade de um aumento considerável de carga tributária. Então, eu acho que o Senado tem a oportunidade de calibrar algumas coisas e de criar proteções para que não haja um estouro de carga tributária. Para não penalizar e comprometer setores importantes da economia brasileira. O governo vai precisar fazer o dever de casa, para pensar a solução, com a contenção de despesas. E isso até agora, definitivamente, nós não vimos nenhuma sinalização do governo”, analisou. 

O ex-gestor ponderou que o governo precisa dar garantias de que vai manter as contas equilibradas para que o cenário econômico se mantenha favorável ao crescimento e que mais cortes na taxa Selic, por exemplo, sejam possíveis.

“A expectativa de todo mundo que produz é que a taxa de juros continue a ser reduzida, mas aí eu faço uma observação. Nós não vamos ter uma redução significativa, a gente não vai conseguir vislumbrar um cenário com menos de 9% no final de 2024, pela projeção dos economistas, se o governo não der uma demonstração muito clara de compromisso com o equilíbrio das contas”, comentou.

Para o ex-prefeito, o maior desafio de Fernando Haddad (PT-SP) no Ministério da Fazenda, será a arrecadação. “Temos aí um rombo previsto que pode variar de R$ 150 a R$ 180 bilhões por ano. Em 2024 o compromisso é de zerar o déficit. Eu espero que a solução para isso não seja aumentando imposto e sacrificando quem produz”, disse.

“Se Haddad não tiver condições políticas de avançar no controle do gasto, na racionalização da despesa e enfrentar o desperdício, a conta não vai fechar e se a conta não fechar, de duas uma: ou o Governo vai ter que convencer o mercado a conviver com um déficit grande, o que a gente já viu que não funciona, veja o que aconteceu com Dilma, ou eles vão querer aumentar imposto e aí eu particularmente, como liderança política do União Brasil, vou ficar radicalmente contra. Sou radicalmente contra qualquer medida de aumento de imposto. Essa é uma posição do partido”, frisou.

Elogios a Haddad e Campos Neto

Adversário histórico do PT, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União-BA), elogiou o trabalho de Fernando Haddad (PT-SP) no Ministério da Fazenda. Neto avaliou Haddad como um “ministro que tem capacidade” e que ele também é um dos bons quadros dentro do governo federal.

“Tenho avaliação positiva em relação a esse começo do desempenho do ministro Fernando Haddad, sobretudo porque ele agiu com moderação, conquistou a confiança do mercado, não assumiu uma pauta ideológica do PT. Teve inclusive a capacidade de se blindar de certas influências petistas que teriam conduzido o ministério para outra direção. Agora, é claro que não é só de política e de jogo de cintura que se faz o ministério e nem a economia avançar. No fim do dia depende de decisões que passam pelo presidente e pelo Congresso”, disse Neto.

Quem também tem a atuação bem avaliada pelo ex-prefeito é o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto. “O presidente do Banco Central, considero uma pessoa qualificadíssima. Que bom que hoje o Banco Central é independente e que você tem um Copom que quando tem que dizer não, diz não, e quando é hora d reduzir a taxa de juros, começa a reduzir”, pontuou.

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