O acordo entre o Mercosul e a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), assinado no Rio de Janeiro em 16 de setembro, abre ao Brasil um mercado de alto poder aquisitivo num momento em que barreiras comerciais dos EUA pressionam o País a diversificar parceiros.
O bloco é formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, que atualmente compram menos de 1% das exportações brasileiras e representam 1,5% das importações do País.
Apesar dos números modestos, especialistas destacam o potencial de ampliação do comércio. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) estima mais de 700 oportunidades de exportação ao bloco, que já é o terceiro maior parceiro do Brasil no comércio de serviços.
Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o tratado tem valor mais simbólico do que prático:
“Mostra que o Mercosul é capaz de fechar acordos com países desenvolvidos, mas oportunidades de vendas podem ser limitadas”.
O governo estima que o acordo possa gerar R$ 3,34 bilhões em exportações até 2044 e um impacto positivo de R$ 2,69 bilhões no PIB.
A EFTA eliminará 100% das tarifas sobre produtos industriais e pesqueiros, enquanto produtos agrícolas terão acesso preferencial, total ou parcial, aos mercados do Mercosul.
Especialistas lembram que infraestrutura precária, carga tributária elevada, juros altos e custo da mão de obra continuam sendo obstáculos para que o Brasil aproveite plenamente novos mercados.
O tratado também tem importância política, servindo como argumento para avançar no acordo Mercosul-União Europeia, previsto para dezembro.
Setores industriais, como máquinas e equipamentos, celebram o avanço, mas preveem impacto econômico limitado, destacando a necessidade de redução gradual de impostos para competir internacionalmente.