O acordo entre União Europeia e o Mercosul está cada vez mais perto de acontecer, após duas décadas do início do interesse entre os dois blocos econômicos . A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretendem se reunir durante a COP28, em Dubai, para dar um impulso político final para o acordo, segundo pessoas a par do assunto, ouvidas pela Bloomberg.
A reunião, que poderá acontecer no sábado (2), ocorrerá depois que avanços significativos nas negociações técnicas deixaram os dois lados mais perto de superar as diferenças em relação ao meio ambiente que inviabilizaram uma tentativa anterior nos estágios finais.
O pacto comercial entre UE e Mercosul criaria um mercado integrado de 780 milhões de consumidores, tornando-se o maior acordo da história do bloco europeu e uma das maiores zonas de livre comércio do mundo.
Os exportadores europeus economizariam cerca de € 4 bilhões (US$ 4,4 bilhões) em tarifas de importação, ao mesmo tempo em que teriam mais acesso a matérias-primas críticas para o desenvolvimento de tecnologias verdes e digitais.
Para o bloco sul-americano, o acordo daria um impulso a setores que buscam acesso mais amplo aos mercados europeus e consolidaria a região como principal exportadora mundiais de carne bovina, soja, café e outros produtos.
Alguns países da UE manifestaram preocupações com o aumento do desmatamento da floresta amazônica durante o governo de Jair Bolsonaro, e as exigências continuaram a ser um desafio para Lula, que chamou os termos ambientais da Europa de “ofensivos” e disse que qualquer acordo deve tratar a América do Sul “em termos iguais”.
Mas o presidente brasileiro, que prometeu unir novamente o Mercosul e levar o acordo à conclusão, intensificou seus esforços nas últimas semanas, buscando uma conclusão antes do fim do mandato brasileiro na presidência rotativa do bloco, no início de dezembro.
Milei aceita acordo do Mercosul com UE, diz diplomata brasileira
A secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luisa Escorel, afirmou, nesta quinta-feira (23), que está otimista em relação a adesão da Argentina no acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia até dezembro.
Ela ressaltou que a equipe do presidente eleito, Javier Milei, já deu sinais de que tem interesse em que as negociações sejam concluídas. “Sou otimista. Estamos fechando os últimos pontos do acordo’, afirmou. as informações são de “O Globo”.
Escorel citou a economista Diana Mondino, que deverá ser a chanceler de Milei. Nesta quinta, Mondino declarou a uma emissora de rádio que, entre as prioridades do governo está o acordo entre o Mercosul e a UE.
“As prioridades neste momento são múltiplas, como a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia. Vamos ter que analisar as relações da Argentina com muitos países e temos um monte de temas para resolver”, disse a futura chanceler.
Questões ligadas ao meio ambiente e a compras governamentais são os principais entraves para o fechamento do acordo. Um novo texto apresentado pelo Brasil está em negociação com os europeus.
Maria Luisa Escorel afirmou que, independentemente do resultado das negociações entre os dois blocos, haverá uma cúpula, no próximo ano, entre Brasil e União Europeia, para discutir uma agenda comum. Quanto ao governo Milei, ela avalia que as relações com os brasileiros serão entre Estados.
“Vamos nos relacionar de maneira madura e adulta com esse presidente. Temos uma relação madura há muitos anos, que envolve comércio, fronteira, energia, muitas coisas importantes, ainda que tenham sido feitos comentários ofensivos ao nosso presidente”, disse Escorel, referindo-se aos ataques de Milei, durante a campanha, a Luiz Inácio Lula da Silva.