Foto: Gilberto Sousa/CNI
Foto: Gilberto Sousa/CNI

Em conversa com a CNN, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, disse estar otimista com a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, que acontecerá neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia.

Salvo um imprevisto de última hora, Lula e Trump terão seu encontro à margem da 47ª reunião de cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), provavelmente no fim da tarde no horário local (manhã de domingo pelo horário de Brasília).

Para Ricardo Alban, um desdobramento do encontro pode ser a suspensão temporária da sobretaxa aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros ou um aumento na lista de setores excluídos do tarifaco.

“A nossa expectativa é de avanços nessa reunião entre os presidentes. Estamos otimistas, principalmente para que haja uma suspensão do tarifaço, mesmo que temporária, do tarifaço, e confiantes de haver um aumento do rol de exceções”, disse o dirigente da CNI.

Alban lembrou que, apesar da crise deflagrada entre os dois governos, o empresariado não deixou de se mobilizar pela normalização das relações comerciais.

“Desde a missão que lideramos a Washington, no começo de setembro, continuamos mantendo contato com parceiros, empresários e integrantes do governo americano”, afirmou Ricardo Alban.

Alban destaca atuação da CNI para recuo no tarifaço

O presidente da CNI destacou ainda que o setor produtivo brasileiro vem trabalhando desde julho para que o diálogo seja a solução para o impasse que gerou a crise do tarifaço.

A CNI integra a missão empresarial que passou nesta semana pela Indonésia e está agora na Malásia, durante visita oficial do presidente Lula aos países asiáticos.

A delegação brasileira é composta por 94 empresas de diferentes setores da indústria e do agronegócio. O principal objetivo é estreitar relações e ampliar o comércio entre os países.

A missão empresarial está sendo coordenada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).

A CNI foi a parceira da Apex Brasil na realização do Fórum Econômico Brasil-Indonésia, que aconteceu na última quinta (23) em Jacarta, e assim como do Fórum Econômico Brasil-Malásia, que ocorrerá neste domingo (26) em Kuala Lumpur.

Um estudo da instituição aponta que há grande potencial de o Brasil ampliar as relações comerciais com a Indonésia em setores como agroindústria, têxtil e defesa.

Evolução das relações com países asiáticos

Nos últimos anos, o Brasil registrou alta nos negócios comerciais com ambos os países asiáticos. Em 2020, tivemos um superávit de US$ 1 bilhão com a Indonésia.

O país se consolidou como o 3º principal investidor da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) no Brasil, em 2023.

Em setembro do ano passado, o comércio bilateral entre Brasil e Indonésia alcançou US$ 567,8 milhões. As exportações brasileiras somaram US$ 373,3 milhões, e as importações US$ 194,5 milhões.

A Indonésia ocupa o 19º lugar entre os destinos das exportações brasileiras. O Brasil exporta principalmente farelo de soja, óleos brutos de petróleo, açúcares e melaço, enquanto importa gorduras e óleos vegetais, calçados e peças automotivas.

Há também investimentos recíprocos em setores como mineração, sucroalcooleiro, papel e celulose, tabaco e têxteis.

Na Malásia, o comércio bilateral chegou a US$ 487,2 milhões no mesmo período, com US$ 346,4 milhões em exportações brasileiras e US$ 140,9 milhões em importações. O país ocupa o 23º lugar entre os principais destinos das exportações do Brasil.

Para a CNI, diante das recentes turbulências nas relações comerciais no mercado global, especialmente com as taxações dos Estados Unidos, passa a ser estratégico para o Brasil analisar as oportunidades de negócios e a agenda prioritária com outros países.