Os mercados emergentes estão prestes a enfrentar o que costumam temer, uma vez que os apoiadores de medidas agressivas contra a inflação estão a um passo de conseguir o que querem do banco central americano.
Acontece que a perspectiva de aumento de juros pelo Federal Reserve normalmente causa problemas para economias em desenvolvimento, principalmente quando resulta em fortalecimento do dólar. Por isso, episódios como o chamado taper tantrum de 2013 e o crash do México na década de 1990 se tornaram marcos históricos.
As previsões para esse ano são boas e as consequências podem ser menos severas desta vez. O motivo para esse positivismo é o melhor posicionamento dos mercados emergentes, que parecem prontos para enfrentar qualquer coisa, isso porque muitos acumularam reservas cambiais na última década.
Os exportadores de commodities podem vender esses produtos a preços elevados. Vale lembrar que a causa primordial dos aumentos de juros nos países desenvolvidos é favorável a nações em desenvolvimento porque assegura um mercado robusto para suas exportações.
O cenário diferente uma recuperação fraca da pandemia em países ricos — seria pior, de acordo com o ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional, Maurice Obstfeld. Para ele, ‘’os mercados emergentes não comemorariam se os países avançados abandonassem o aperto monetário por causa de recessão em suas economias”.
No entanto, isso não é um sinal para deixar e se preocupar, porque, por mais difícil que a pandemia tenha sido nos países ricos, as nações pobres sofrem cada vez mais. Isso devido a uma menor parcela da população vacinada e a falta de recursos necessários para ajudar suas economias a enfrentar a Covid.
Muitos desses países ficaram altamente endividados e o uma postura mais dura por parte Fed e de outros grandes bancos centrais pode colocar mais dificuldades em uma situação já ruim. A menos que os mercados emergentes também subam os juros, atrapalhando sua própria recuperação, há risco de uma fuga de capitais que desvalorizaria suas moedas e dificultaria o pagamento das dívidas.
Para o Fed e seus pares, a principal tarefa é proteger suas próprias economias, ou seja, conter a inflação. “Seu mandato principal é doméstico”, disse o economista-chefe do Banco Mundial. “Mas há precedente para as condições internacionais pesarem.”
É mais do que possível que os mercados emergentes tenham um período difícil pela frente e alguns até correm risco de inadimplência. Porém, os problemas de endividamento não chegarão facilmente ao ponto de ameaçar o crescimento global ou desencadear uma grande turbulência nos mercados.
“Para os mercados emergentes, não são dois fatores principais, são três”, explica ela. “Juros internacionais, capital internacional e os preços das commodities. Preços mais altos das commodities ajudam bastante.”