Novos mercados

Juros dos EUA devem encarecer exportações para o Brasil

Como um dos maiores importadores de commodities, o cenário representa baixa nas exportações brasileiras

Com os juros ainda altos, vale a pena fazer consórcios?
Taxa de juros elevada / Freepik

O presidente Donald Trump voltou a pedir a baixa dos juros nesta terça-feira (12), contudo, o dirigente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, avaliou que não há pressa no corte. Especialistas consultados pelo BP Money identificam as causas e consequência dessa alta nas exportações para o Brasil.

O crescimento da inflação está veiculado a medidas de estímulos fiscais na pandemia, gerando baixos custos para manter o consumo na crise sanitária; conflitos na guerra Rússia e Ucrania, afetando ofertas de commodities agrícolas e energéticos; e desequilíbrio na cadeia de suprimentos vindos da China.

Como um dos maiores importadores de commodities mundial, a alta dos juros pode levar a uma desaceleração econômica global. De acordo com Jeff Patzlaff, especialista em investimentos, o cenário encarece produtos externos, reduzindo exportações de outros países como o Brasil.

“Dada a importância da economia americana, essa redução no consumo pode diminuir a demanda por produtos importados, afetando exportadores ao redor do mundo”, o planejador financeiro ainda destaca o fortalecimento do dólar, já que investidores buscam rendimentos mais altos, favorecendo os EUA.

Para Patzlaff, os investidores podem retirar recursos de economias emergentes para investir em ativos americanos mais seguros e rentáveis, causando desvalorização das moedas locais e instabilidade financeira nesses mercados.

As alternativas para as exportadoras seriam buscar novos mercados além dos EUA, para mitigar a dependência de um único país e reduzir riscos associados a flutuações econômicas específicas.”

Os especialistas convergem na migração do dinheiro para títulos de renda fixa norte-americanos, os mais seguros do mundo segundo o especialista em mercado da Star Desk, Felipe Sant’Anna: “Juros altos nos EUA drenam o dinheiro da renda variável de mercados emergentes como o nosso”, complementa.

Dinâmica norte-americana

Os EUA estão diante de um impasse em sua história econômica, a alta inflacionária recorde causa preocupação na população, que está acostumada a uma inflação entre 2% e 4% nas últimas duas décadas.

Os americanos são culturalmente consumistas, estão acostumados a comprar produtos novos e não consertar os antigos, isso gera um fluxo de consumo muito grande.” Comentou Sant’Anna.

Segundo ele, o mercado norte americano tem essa característica especial que envolve a visão de mundo estadunidense: “A economia de mercado dos Estados Unidos é muito dinâmica, tem um mercado consumidor gigantesco e se adapta rapidamente nas adversidades.”

Quando comparado com o Brasil, o analista destaca que a menor burocratização do mercado ajuda regulação pelo mesmo, levando o empregador a ter maior facilidade em demitir ou contratar.

 “A empresa americana contrata imediatamente com a retomada dos trabalhos, enquanto a empresa brasileira passa meses apenas para absorver as despesas da última demissão”, reforça.

A tentativa de redução do consumo pelo Fed só será sentida no longo prazo, contudo, os baixos índices de desemprego e a confiança dos consumidores impedem a desaceleração da economia.