A terça-feira (19) está sendo de boas notícias para a economia brasileira. Pela manhã, O FMI (Fundo Monetário Internacional), colocou o Brasil como a 9º maior economia do mundo. Pela tarde, a agência de classificação de risco S&P Global elevou o rating do País de BB- para BB, com perspectiva estável, deixando o Brasil a dois degraus abaixo do grau de investimento.
O assessor e sócio da SVN Investimentos Pedro Zarife explicou ao BP Money o motivo da euforia que tomou conta do mercado financeiro e a importância do anúncio.
“Quando a gente tem uma classificação de crédito do País mais positiva, ele está avaliando a sua capacidade de cumprir com suas obrigações financeiras, especialmente no pagamento da dívida”, iniciou.
“Esta avaliação indica que o País realmente tem condições de manter a trajetória de sua dívida estável e não manter ela numa crescente. Com isso vai ter acesso ao mercado financeiro internacional muito mais fácil”, esclareceu.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, também recebeu o anúncio com otimismo, apesar de destacar o pé atrás da agência com a meta fiscal.
“A elevação da nota de crédito é, de fato, uma ótima notícia. Apesar das ressalvas da agência sobre o progresso fiscal ainda ser lento, a melhoria está atrelada à aprovação da reforma tributária e aos indicadores econômicos em ascensão. A inflação convergindo para 4,5%, o crescimento próximo de 3% este ano e a perspectiva para o próximo ano de 1,5%, segundo a agência, contribuem para essa avaliação”, analisou o economista.
“A robustez externa, com reservas de US$ 350 bilhões e um superávit na balança comercial, posiciona o Brasil entre os dez melhores resultados mundiais nesse aspecto. Esse avanço está relacionado ao sucesso nas exportações, com destaque para o setor agropecuário, de petróleo, mineração, entre outros. A reação positiva nos mercados, como a nova máxima do Ibovespa atingindo 132 mil pontos, a valorização do real em relação ao dólar para R$ 4,85 e a queda nos juros futuros, destacam o impacto favorável dessa notícia”, acrescentou.
O que falta para a decolagem?
O Coordenador da Comissão de Economia da APIMEC Brasil, Álvaro Bandeira, foi mais pragmático em sua análise, mas reconheceu a importância da avaliação da S&P.
“É um fator positivo e é claro também que o governo vai acabar explorando isso bastante enquanto os mercados podem até ter alguma realização positiva. Mas na prática não significa muita coisa, já que ainda estamos longe da possibilidade de retomar o grau de investimento do país”, comentou.
Para Bandeira, somente quando o Brasil obtiver o grau de investimento de ao menos duas das três grandes agências (S&P, Fitch e Mood´s) será possível ter “uma janela bastante positiva de fundos que só podem aplicar em países com grau de investimento”.
“A retomada do grau de investimento exige, principalmente, bom controle das finanças públicas e nível de endividamento equacionado. No nosso caso, a dívida é bastante alta para um país emergente e continua crescendo, e ter crescimento do PIB maior do que está programado para os próximos anos, não só em 2023, como em 2024 e 2025. Além disso, ter um melhor aproveitamento socioambiental e a população com salários com renda um pouco maior do que a prevista. Então ainda estamos longe na prática, não influencia muito, mas é certamente um fator positivo”, pontuou.
Pedro Zarife também avalia que o PIB e o nível de endividamento serão cruciais para ditar o retorno do grau de investimento brasileiro. Ele acredita que em 2024, o cenário estará favorável ao cumprimento do objetivo.
“Um país emergente, com boas instituições, com uma trajetória de dívida estável, com cilco de commodities favoráveis, e com os Estados Unidos cortando juros é o cenário perfeito. Eu acredito que, desses pontos, a única coisa que falta no Brasil realmente é esse esforço maior no fiscal, e manter uma trajetória de dívida mais equiparada”.