O presidente da Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord), Fernando Furlanetti, alegou que se não houver consenso entre os Três Poderes para o equilíbrio fiscal, as contas públicas irão colapsar no ano de 2027.
O especialista da Ancord, nesta segunda-feira ressaltou que agora é o momento de colaboração, sobretudo na revisão de incentivos fiscais.
“Todo mundo tem que dar sua contribuição: o Judiciário, Executivo, Legislativo. Está no momento de todo mundo abrir mão de parte para a construção de um todo”, disse.
Além de apontar a importância da iniciativa privada contribuir com os esforços, e não olhar apenas ao seu próprio setor.
“Se a economia for bem, vai todo mundo ganhar. O empresário, o Executivo e, principalmente, o cidadão brasileiro”, completou, reforçando a posição da associação no debate sobre responsabilidade fiscal.
Furlanetti afirma esperar que a polêmica causada pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo governo sirva como um estímulo ao debate público sobre a necessidade de um Estado mais eficiente e comprometido com o atendimento à população.
Reação negativa do mercado
O anúncio feito pelo governo no fim de maio provocou forte reação negativa por parte do mercado financeiro e do Legislativo, a tal ponto que algumas das medidas foram revistas pela equipe econômica.
Para Furlanetti, no entanto, esse movimento pode gerar efeitos positivos ao estimular o surgimento de novas propostas no debate público.
“Desse limão está se fazendo uma limonada na medida que outras soluções vão aparecendo, que o Congresso Nacional se mobiliza junto com o Executivo e tenta pautar reformas de curto, médio e longo prazo para o Brasil”, alega.
Entre as alternativas sugeridas por Furlanetti, está a venda do excedente de petróleo como forma de evitar o aumento de impostos.
“Não é nenhuma ‘maracutaia fiscal’, está só leiloando o excedente”, aponta, citando potencial de até R$ 20 bilhões em receita.
Apesar disso, ele reconhece que mudanças estruturais mais profundas podem ser adiadas.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que eventuais ajustes no regime fiscal só devem ocorrer após as eleições de 2026. Segundo ela, o contexto eleitoral inviabiliza a aprovação de medidas que possam gerar embates no Congresso.
“A janela de oportunidade não é agora. Estamos na antevéspera de um processo eleitoral, e o Congresso não vai querer votar algo que seja, de certa forma, conflituoso”, declarou.
Rafael Furlanetti disse que essas situações podem ser resolvidas se a população levar a mensagem para seus representantes.