SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – São Paulo deve ganhar até 2024 uma arena com capacidade para 20 mil pessoas e que deve ser palco de shows nacionais, internacionais e eventos esportivos. A obra, cujo investimento previsto é de cerca de R$ 500 milhões, vai ser construída no Anhembi, zona norte da capital paulista.
A arena vai ficar entre as proximidades da concentração das escolas que desfilam no sambódromo paulistano e a rua professor Milton Rodrigues. Ficará entre as duas principais atrações hoje do complexo do Anhembi: a passarela do samba e o centro de convenções.
“Vai ser a primeira arena indoor de São Paulo, que é uma das poucas grandes cidades do mundo sem um equipamento como esse”, diz Milena Palumbo, diretora executiva da multinacional francesa GL Events Brasil, que ganhou a concessão do Anhembi no ano passado, por R$ 53,7 milhões.
O contrato de concessão com a Prefeitura de São Paulo tem prazo de 30 anos, englobando os quase 400 mil m² de área total do Anhembi, e a arena será o primeiro grande investimento a ser feito no local. A concessão saiu após seguidos reveses nas tratativas da prefeitura com o Tribunal de Contas do Município.
O projeto da arena foi apresentado nesta quinta-feira (14), ao prefeito, Ricardo Nunes (MDB).
“Entramos na concorrência no meio da pandemia. Olhamos o momento como uma oportunidade, mesmo em meio à maior crise do setor de entretenimento”, diz Palumbo.
Ela ressalta que a arena deve complementar a vertente do Anhembi, que já tem o sambódromo e o pavilhão de eventos como pontos de referência. Quando se tem um produto como esse, é possível viabilizar turnês internacionais e novas atrações que, de outra forma, não viriam para São Paulo, diz.
A arena será construída por meio de uma parceria entre a GL, a Live Nation Entertainment (empresa organizadora de eventos ao vivo, como o Rock in Rio e o Lollapalooza) e a OVG (Oak View Group), empresa global de desenvolvimento, consultoria e investimento em arenas.
As obras estão previstas para começar no segundo semestre do ano que vem e devem ser concluídas em 2024. Há uma expectativa de que cerca de 3.000 pessoas sejam empregadas durante o período de construção e 500 na operação, explica Brian Kabatznick, vice-presidente executivo da OVG.
Além de turnês internacionais e de artistas locais, o espaço também deverá receber eventos esportivos e para a família.
A projeção é que ela abrigue mais de cem eventos por ano, conta Rafael Lazarini, vice-presidente sênior para América Latina da Live Nation.
“Quando a gente fala em turnês internacionais, algumas delas são desenhadas, na origem, para acontecer em arenas. O próprio desenho de palco, de iluminação, é pensado para ocorrer nesse tipo de estrutura”, diz Lazarini.
A arena deve seguir o padrão de outros equipamentos projetados para esse tipo de atividade em cidades, como Nova York, Seattle e Austin, nos Estados Unidos. O projeto final, que ainda não foi divulgado, será conduzido pelo escritório de arquitetura Gensler.
No meio do ano, representantes das escolas de samba foram à mídia para demonstrar preocupação quanto à localização da futura arena, que poderia atrapalhar a movimentação das alegorias que desfilam no Carnaval de São Paulo.
Em nota divulgada em junho, a Liga-SP (Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo) afirmou, no entanto, que as demandas das escolas em relação ao sambódromo –incluindo toda a logística dos desfiles–, são levadas em conta nas mudanças projetadas para o complexo do Anhembi.
Segundo a GL, a companhia tem se reunido com a Prefeitura de São Paulo e a Liga-SP, para elaborar o projeto que melhor se adeque às necessidades do evento.
A previsão é que a construção também adote programas de sustentabilidade ambiental, assentos VIP, espaços de hospitalidade e tenha restaurantes.
Segundo os executivos, a pandemia do novo coronavírus não interferiu nos planos para a construção da Arena São Paulo, e eles ressaltam que as medidas de isolamento impostas pela crise sanitária acabaram aumentando as expectativas do consumidor por novas fontes de entretenimento nos próximos anos.
Lazarini diz que a alta procura por ingressos para o Rock in Rio, que abriu a pré-venda para o festival previsto para setembro do ano que vem, comprova essa forte demanda do público brasileiro por entretenimento após o avanço do programa de vacinação.
“Na pré-venda, foram 200 mil ingressos vendidos em pouco mais de uma hora e tinham outras 800 mil pessoas on-line para comprar entradas para o festival. O Rock in Rio sempre esgota com antecedência, mas nunca tínhamos visto nada parecido.”
Profundamente afetados pelas medidas de isolamento impostas pela pandemia, o setor de eventos conta com o controle da crise sanitária para se reerguer. De acordo com a Abrape (Associação Brasileira dos Promotores de Eventos), a expectativa é voltar com toda a programação do país no ano que vem, o que equivale a cerca de 450 mil eventos por ano.
“Ainda que algumas companhias estrangeiras possam ter dúvidas sobre o desempenho do mercado brasileiro, vemos o país como uma grande oportunidade”, diz Kabatznick.
Já para a Live Nation, a expansão no Brasil é crucial para que a empresa ganhe ainda mais terreno na América Latina.
No caso da francesa GL, o Brasil é a terceira maior operação internacional do grupo fora da Europa. A empresa tem negócios no Brasil há cerca de 15 anos e também opera cinco espaços de eventos no país: São Paulo Expo, Riocentro, Jeunesse Arena, Santos Convention Center e o Centro de Convenções Salvador.
A Arena São Paulo fará parte dos investimentos previstos para a concessão nas próximas três décadas do projeto chamado de Distrito Anhembi.
Também fazem parte dele, investimentos imobiliários, como hotel, empreendimentos com vocações comerciais e corporativas, além de um complexo audiovisual com estúdios para filmes, streaming, publicidade e games.
Para os equipamentos de entretenimento e eventos (que incluem a arena multiúso, o sambódromo e o pavilhão de exposições), a expectativa é de investimentos de mais de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos.
A projeção das empresas é que o distrito movimente cerca de R$ 5 bilhões por ano na economia da cidade.