
A leitura da prévia da inflação, indica que, apesar de os juros seguirem elevados, o ambiente para empresas começa a ganhar previsibilidade. A desinflação de bens industriais e a estabilidade dos preços livres, com exceção dos serviços, reduzem a volatilidade e sustentam um cenário mais claro para planejamento financeiro e gestão de caixa.
Para o mercado, a principal mensagem é de continuidade na perda de fôlego da inflação, o que fortalece a expectativa de cortes graduais da Selic.
Volnei Eyng, CEO da Multiplike, afirma que o resultado “reforça um ambiente mais favorável à redução gradual dos juros”. Já Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, avalia que o cenário “abre espaço para cortes no início do ano, mas sem pressa”.
O setor corporativo interpreta o dado como sinal de estabilidade estrutural. Segundo Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, os próximos passos devem ser de ajustes “graduais e seguros”.
A possível desaceleração ordenada beneficia especialmente empresas dependentes de capital de giro, que ganham previsibilidade no custo do dinheiro. Isto é o que afirma Richard Ionescu, do Grupo IOX.
Ainda assim, Jorge Kotz, CEO do Grupo X, faz um alerta: a resistência dos serviços exige “controle financeiro rigoroso” durante um ciclo prolongado de juros altos.
Mercado imobiliário de alto padrão mantém confiança
No segmento imobiliário a leitura é otimista. João Pedro Camargo, sócio da LIV Inc – Kopstein, ressalta que o IPCA-15, embora ligeiramente acima do esperado, trouxe composição benigna.
O grupo Habitação desacelerou para 0,09%, sustentado pela continuidade da queda da energia elétrica. Condomínio e aluguel seguem em alta, mas o cenário geral, segundo ele, mantém “um ambiente de previsibilidade crucial para o segmento de altíssimo padrão”.
Economia entra na reta final da transição desinflacionária
O consenso entre analistas é que o país avança para uma fase de inflação mais estável, com núcleos comportados e expectativas ancoradas, apesar de focos de pressão nos serviços.
Antonio Patrus, diretor da Bossa Invest, resume: “A inflação de novembro reforça que o país avança para um quadro mais favorável, com variação moderada e expectativas ancoradas”.
Estratégias de investimento: prudência e oportunidade
Para o investidor, o recado é equilibrado: juros ainda altos oferecem proteção, enquanto a transição para cortes graduais cria espaço para mais risco — desde que bem dosado.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, vê um cenário que combina renda fixa indexada à inflação e ações de empresas com forte poder de repasse.
Já Fábio Murad, CEO da Spacemoney, destaca o papel crescente dos ETFs, que, segundo ele, se tornam “uma das estratégias mais eficientes num ambiente de Selic em transição”.