CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga disse nesta terça-feira (30) que aceitaria voltar ao governo, caso sentisse que teria apoio para conduzir uma agenda econômica compatível com valores liberais e de combate à desigualdade.
Ele afirmou ter simpatia por uma terceira via, sem detalhar, no entanto, seu nome de preferência para comandar o Brasil a partir de 2023.
Ele havia comentado mais cedo sobre a eventual volta ao governo durante um painel virtual organizado pela Latin Lawyer, em que afirmou que o Brasil tem sido vítima de políticas ruins e más ideias. “Ainda tenho muito a contribuir”, disse, no evento.
Em seguida, ele detalhou sua fala à reportagem.
“Deixei bem claro [no fórum] que, eventualmente, consideraria [voltar para Brasília], mas que o sarrafo vai ficando mais alto com o correr do tempo”, diz o economista, que também é colunista no jornal.
Ele complementa afirmando que aceitaria participar de um projeto “compatível com os seus valores e crenças” a respeito do que precisa acontecer para que o Brasil encontre um rumo, não só na economia.
“Em linhas gerais, meu pensamento tem uma base liberal, uma preocupação com as desigualdades e com a falta de oportunidade. Vejo como fundamental que o Brasil explore seu potencial verde. Na área econômica, é preciso sair desse círculo vicioso de crise após crise”, diz.
Ainda que seu nome costume circular em época de eleições como aposta para o ministério da Economia, Fraga afirma que não vincularia uma eventual volta ao governo com algum cargo específico.
“Quando estive no governo pela primeira vez, tinha 33 anos. Não é algo que eu tenha planos de fazer, mas em uma situação favorável a se desenvolver um projeto, eu consideraria.”
Sem citar nomes, ele também disse ter sido procurado por vários agentes do meio político, inclusive pré-candidatos, e que se mantém em um estado de “preocupação e engajamento”, dado o cenário ruim da economia brasileira atualmente.
Na visão do economista, o ideal para o Brasil seria que uma terceira via boa se viabilizasse, ainda que não queira destacar um nome entre os que aparecem hoje como opção ao ex-presidente Lula (PT) e ao atual mandatário, Jair Bolsonaro (sem partido).
“Não vou comentar as opções que estão no radar hoje, são muitas e não vejo razão para entrar nisso agora”, diz.
Ele também afirma que colaborar em campanhas está fora de cogitação, embora não descarte se manifestar mais adiante. “Seria saudável para o Brasil fugir de um debate populista e polarizado.”
Fraga, que é sócio da Gávea Investimentos, foi presidente do Banco Central entre 1999 e janeiro de 2003, durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).