Ata do COPOM: e sem o fiscal, como fica?

O Comitê de Política Monetária divulgou, nesta quarta-feira (3), a ata referente a sua última reunião

O COPOM (Comitê de Política Monetária) divulgou, nesta quarta-feira (3), a ata referente a sua última reunião. No documento, estão presentes as razões, questionamentos e perspectivas da equipe do Banco Central em relação à condução da política monetária e as variáveis que interferem na trajetória do juros no Brasil. O relatório é um dos principais instrumentos de comunicação e sinalização do BCB com as expectativas de mercado. 

De início, destaca-se o cenário externo e o atual patamar de inflação global. O ambiente da economia mundial também sofre com a aceleração dos preços, que encarece os custos de produção e contamina as cadeias globais de comércio. É evidente que, para o Brasil, lidar com a inflação interna (elevação de juros básicos) é muito mais complicado quando o mesmo problema afeta os países desenvolvidos. Em resumo, o próximo ano deve ser marcado por baixo crescimento, constante combate à inflação (mais juros) e tentativas de reverter os estímulos fiscais da pandemia para a grande maioria dos países. 

Em relação ao futuro do nosso combate à inflação, a guerra parece estar longe de terminar. O BCB sinaliza que o problema está na combinação de fatores internos e externos, dando ênfase a alta nos preços ao consumidor (geralmente refletidos nos índices das cestas de consumo como a IPCA-15), intensificada pela alta das chamadas commodities energéticas (Gás natural, Petróleo, etc) combinada a queda da moeda brasileira (Real ou BRL) frente ao dólar.

Por fim, há o destaque importante para a confiança do próprio órgão monetário em relação à estabilidade fiscal do país. Como sabemos, o BCB é responsável pela condução da política de juros, inflação e moeda. O chamado fiscal está no “arcabouço” de responsabilidade do Ministério da Economia. Na própria ata é dito que “as reuniões do Comitê, questionamentos relevantes em relação ao futuro do arcabouço fiscal atual, resultando em elevação dos prêmios de risco”, ou seja, mesmo calculando seus riscos e tentando estabilizar a moeda e a aceleração dos preços (via juros), o Banco Central sofre as consequências da desconfiança do mercado na condução dos gastos públicos.

O órgão monetário destaca que, para recuperarmos a confiança na economia brasileira, são necessárias modificações e reformas estruturais nas contas públicas, que fogem da competência do BCB, como já foi citado anteriormente. De maneira resumida, poderíamos colocar, de forma simplificada, que a alta dos preços globais prejudicam a estabilidade da política econômica e de juros no Brasil, porque todo esse custo acaba sendo importado e incorporado no mercado interno brasileiro.

Além disso, fica como destaque, a desconfiança do mercado em relação ao orçamento brasileiro em ano eleitoral (2022), com mais gastos públicos irresponsáveis e o rompimento das tais âncoras fiscais (ler aqui). A tendência é de baixo crescimento e alta de juros, o que acarreta na estagnação ou crescimento da atual taxa de desemprego e esfriamento dos investimentos produtivos ou em bolsa. 

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