A ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta terça-feira (14), trouxe um posicionamento muito mais “duro” das autoridades monetárias nacionais, indicando uma trajetória futura de inflação e exibindo um movimento de deterioração.
Com a atualização da ata do Copom, não há mais espaço para cortes de juros, conforme apontou o economista-chefe da Porto Asset Management, Felipe Sichel.
“Cenário externo, ambiente doméstico, expectativas de inflação e também o fiscal… Parece bem evidente que tudo aponta para um cenário mais desafiador. Acho que o Copom se mostra realmente preocupado com qual o nível de juro vai conseguir trazer a inflação para a meta, e a mensagem é que este nível de juros não está muito abaixo do atual”, afirmou Sichel, de acordo com o “Valor”.
Há a possibilidade de encerramento do ciclo de afrouxamento monetário estar “em aberto”, após o colegiado ter concordado em não fazer nenhum “forward guidance” para a próxima reunião.
Sichel ainda não consegue ver espaço para mais um corte de 0,25 p.p (ponto percentual) na próxima reunião do Copom.
O economista ainda pontua que a Porto Asset mantém um viés de alta em suas projeções de inflação para este ano, mas que os dados contemplam uma incerteza muito alta, que também está ligada aos eventos climáticos recentes.
“Qualquer número pode ser revisado por conta das enchentes no Rio Grande do Sul e seus impactos nos preços de alimentos”, apontou.
Após Copom, IPCA não surpreende e limita estresse dos mercados
Em abril, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou uma variação de 0,38%, superando em 0,22 ponto percentual registrado em março, que foi de 0,16%. De acordo com especialistas ouvidos pelo BP Money o resultado ficou acima da mediana das projeções.
No acumulado do ano, a inflação alcançou 1,80%, enquanto nos últimos 12 meses o aumento foi de 3,69%, uma queda em relação aos 3,93% registrados nos 12 meses anteriores.
Maykon Douglas, economista da Highpar destacou que a inflação medida pelo IPCA superando as projeções de mercado, marcando um aumento em relação ao mês anterior.
Ata do Copom conserva o tom de cautela e reforça preocupação fiscal
O BC (Banco Central) divulgou na manhã desta terça-feira (14) ata da última reunião o Copom (Comitê de Política Monetária) reforçando o tom mais duro sobre o futuro da política monetária e as preocupações com o andamento da agenda fiscal no Brasil.
Anteriormente, na semana passada, a autoridade monetária foi contra o guindance do encontro anterior e reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual.
Também está no radar do BC o risco fiscal que aumentou nas últimas semanas.