Após comunicado duro na semana passada, a Ata do Copom, divulgada nesta terça-feira (24), veio mais neutra, com pouca ênfase sobre o ritmo de alta de juros nas próximas reuniões e dependente de dados.
O Comitê decidiu pela elevação da Selic em 0,25 p.p na última reunião. De acordo com a ata, a atividade econômica resiliente, o mercado de trabalho pressionado e a alta das expectativas de inflação demandam uma política monetária mais contracionista.
O comitê pontuou que o início do ciclo de aperto foi decidido de forma gradual, mas reforçou a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, “sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, disse a ata.
Ao BP Money, Leonardo Costa, economista do ASA, reforçou a crença em mais duas elevações de 0,50 p.p até o final do ano, com o ciclo de alta encerrando em 12%.
Já para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, o Comitê não deu indícios de aperto no ritmo de aumentos da Selic. O economista, portanto, espera mais duas altas de 0,25 p.p.
Cenário externo está melhor, destaca a Ata do Copom
Se por um lado a Ata do Copom chamou atenção para o cenário doméstico desafiador, por outro, o cenário externo foi avaliado como mais benigno do que na reunião anterior do Comitê, em julho.
Com relação aos EUA, a avaliação foi que permanece grande incerteza sobre o grau de arrefecimento das pressões no mercado de trabalho e da desaceleração da atividade econômica.
Sobre a desaceleração econômica chinesa e as variações de preços de commodities, os integrantes do Copom acreditam que o processo desinflacionário tem prosseguido em vários países, mas que permanecem desafios que não devem ser subestimados para o retorno das inflações às metas.
Aumento gradual dos juros e desaceleração: como investir e se proteger
O aumento gradual das taxas de juros e a resistência das pressões inflacionários demandam atenção de investidores e empresas.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, chama atenção para a importância da diversificação dos investimentos em ativos que acompanhem ou superem a inflação. “Aplicações atreladas ao IPCA, podem ser boas alternativas, já que um dos principais objetivos é manter o poder de compra do investidor somado a um ganho real”, disse.
Eyng incentiva compras com pré-fixado, “onde não existe o risco de fazer compras ou empréstimos com CDI+”, visto que há risco de a Selic disparar e as parcelas não caberem no bolso dos consumidores e empresas.
Sobre a vinda de investimentos para o Brasil, o CEO da gestora Multiplike explica que, devido ao momento de desaceleração, é esperada uma maior dose de investimento em países emergentes.
“Mas é importante o Brasil fazer a tarefa de casa e conseguir um rating de classificação de investimento novamente, é importante o país ter um fiscal fazendo a tarefa de casa para permitir que esse investimento retorne ao Brasil”, destacou.