Análise

Ata do Copom: Selic alta por mais tempo e juro real neutro são destaques

Ainda segundo os especialistas, o caráter unânime da última reunião, ao contrário da anterior, foi "positivo" por não provocar ruídos

BC
Foto: Divulgação

Especialistas ouvidos pelo BP Money destacaram alguns pontos de maior atenção na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta terça-feira (25). São eles: o cenário de referência, que indica Selic alta por mais tempo, e a elevação da taxa de juros real neutra.

De acordo com o economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, o cenário de referência dado pelo Copom não chega a ser um forward guidence, mas indica que a Selic no nível que está deve levar à convergência de inflação no final de 2025.

No cenário em questão, a Selic é mantida a 10,50% até o final do ano que vem, além de 4% de IPCA para este ano e 3,1% para o ano de 2025. “Essa informação está alí e não é à toa, é muito importante. Provavelmente, a gente vai ter a Selic alta por muito tempo, talvez até o final do ano que vem”, pontuou Paulo Gala.

Felipe Uchida, head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, destacou que, além da decisão do Copom de manter a Selic em 10,50%, o último boletim Focus elevou a expectativa de inflação para 3,98%, “reforçando o cenário de juros altos por mais tempo”.

Nesta semana, a probabilidade de manutenção da taxa Selic do IEPS (Índice Equus de Precificação da Selic) é de 80,4%, contra 76% no dia anterior à reunião do Copom. O índice, através de IA (Inteligência Artificial), estima a probabilidade indicada pelo mercado de alteração para a próxima reunião do comitê.

Copom elevou taxa de juros real neutra de 4,5% para 4,75%

A ata também mostrou que o Copom aumentou a sua estimativa de taxa de juros real neutra de 4,5% para 4,75%. A projeção do BC estava estável desde meados do ano passado.

“Em função da incerteza intrínseca e da própria natureza da variável, o Comitê reforçou que a taxa neutra não é uma variável que deve ser atualizada em frequência alta e que tampouco deveria ter movimentos abruptos, salvo em casos excepcionais. Nesse contexto, o Comitê elevou marginalmente a hipótese de taxa de juros real neutra em seus modelos para 4,75%”, diz o documento.

“O Copom faz uma série de discussões em torno do que é esse juro real neutro, de que ele não é observável, que é frágil e poderia também ser 4,5% ou 5%. Faz um voto de humildade no cálculo desse juro real neutro. Mas está escrito na ata que a taxa é de 4,75%, portanto, uma informação muito importante”, disse Paulo Gala.

Unanimidade é positiva

Outro foco de atenção em relação à ata do Copom foi a decisão unânime dos membros. Segundo Volnei Eyng, ceo da gestora Multiplike, o BC entendeu que o caráter unânime da última reunião, ao contrário da anterior, foi “positivo” por não provocar ruídos.

“Então, prevalece a ancoragem para estar dentro da meta do IPCA, e as próximas votações devem seguir a mesma linha”, disse Eyng.

“Tem algumas divergências, mas é muito diferente da ata anterior. A anterior foram praticamente duas atas, enquanto essa é apenas uma”, completou Paulo Gala.

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