Política monetária

Ata do Fed: riscos apontam para inflação mais alta

Algumas das autoridades do Fed observaram que “compensações difíceis” poderiam estar à frente do banco central

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Foto: Fed (Federal Reserve) / CanvaPro

A ata do Fed (Federal Reserve) divulgada nesta quarta-feira (9), mostrou que as autoridades do banco central dos EUA foram quase unânimes em sua reunião do mês passado na análise de que a economia do país corre riscos de inflação mais alta e crescimento mais lento simultaneamente.

Algumas das autoridades observaram que “compensações difíceis” poderiam estar à frente do banco central. A última reunião do Fomc (Comitê de Mercado Aberto do Fed) aconteceu nos dias 18 e 19 de março, com o cenário de alerta com a política tarifária de Trump, que aumentaram a incerteza sobre as perspectivas econômicas. 

Com essa expectativa, os participantes defenderam uma “abordagem cautelosa”, considerando a opção de manter as taxas de juros por mais tempo, em caso de persistência da inflação ou cortar as taxas caso uma economia em enfraquecimento exigisse atenção mais imediata.

“Os participantes avaliaram que a incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou, com quase todos os participantes considerando os riscos para a inflação como positivos e os riscos para o emprego como negativos”, segundo a ata do Fed.

Além disso, os membros do Fed reconheceram que a visão havia mudado quanto à confiança na desaceleração da inflação e no crescimento contínuo, adotando um sentimento quase geral de incerteza e a preocupação de que os novos impostos de importação dos EUA aumentem a inflação. 

“A incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou”, no comunicado de 19 de março, que também abandonou uma referência anterior aos riscos enfrentados pela economia como “aproximadamente equilibrados” para dizer que estava “atento aos riscos de ambos os lados de seu mandato duplo”.

Fed pode esperar para ajustar taxa de juro, diz Mary Daly

A presidente da distrital do Fed (Federal Reserve) de São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta terça-feira (8) que o banco central norte-americano está em uma posição confortável e que pode esperar antes de fazer ajustes na taxa de juros.

A declaração está em linha com a de outros dirigentes, incluindo o próprio presidente da autarquia, Jerome Powell, que têm reforçado uma postura cautelosa diante das recentes mudanças nas políticas econômicas dos EUA.

“Reduzimos a taxa de juros em 100 pontos-base no ano passado. Isso coloca a política monetária em uma posição adequada para permanecer modestamente restritiva e continuar trazendo a inflação para baixo, mas não tão restritiva a ponto de tornar a economia vulnerável”, disse Daly, durante um evento na Universidade Brigham Young, conforme apurou o Valor.