Ata do Fomc: Comitê vê resiliência e retira previsão de leve recessão

Ata não julga que a economia vá entrar em uma leve recessão no final deste ano

A ata do  Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês) do Fed (Federal Reserve) veio a público nesta quarta-feira (16). No documento, os membros do Fomc não julgam que a economia vá entrar em uma leve recessão no final deste ano, mas reafirma que inflação dos preços ao consumidor (PCE) de 12 meses permanece elevada. 

A reunião foi realizada entre os dias 25 e 26 de julho, quando o Comitê decidiu por elevar os juros básicos da economia americana em 0,25 ponto percentual.

Segundo o texto, a previsão econômica preparada pela equipe para a reunião de julho se mostrou mais forte do que a projeção de junho. “Desde o surgimento do estresse no setor bancário em meados de março, os indicadores de gastos e atividade real ficaram mais fortes do que o previsto. Como resultado, a equipe não mais julgou que a economia entraria em uma leve recessão no final do ano”, diz a Ata

Segundo o documento, durante o período entre as duas últimas reuniões, os participantes do mercado interpretaram as divulgações de dados econômicos domésticos como indicando resiliência contínua da atividade econômica e algum alívio das pressões inflacionárias. E viram as comunicações de política monetária como apontando para uma política um pouco mais restritiva do que o esperado.

“A trajetória implícita do mercado para a taxa dos fundos federais aumentou modestamente, e os rendimentos nominais do Tesouro aumentaram um pouco em vencimentos mais curtos. Enquanto isso, os preços gerais das ações aumentaram e os spreads dos títulos corporativos com grau de investimento e especulativo diminuíram moderadamente”, diz a Ata.

Com informações do Infomoney. 

Apostas na pausa da taxa de juros aumentam

O porta-voz e economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, acredita que apesar da resiliência do desemprego, a inflação ainda alta e a ata sugerir que o ciclo de alta ainda não terminou, opiniões divergentes devem aumentar apostas em pausa na reunião de setembro.

“A decisão de elevar a taxa de juros foi apoiada pela maioria dos participantes como meio de restabelecer o equilíbrio entre oferta e demanda na economia. Entretanto, houve o reconhecimento de que condições de crédito iniciavam um processo de aperto e que a defasagem dos impactos da restrição monetária poderia produzir um desaquecimento maior do que o pretendido. Nessa direção, a ata revela que dois participantes manifestaram a preferência pela manutenção da taxa de juros, encerrando o ciclo de alta na reunião passada”, avaliou Igliori.

Segundo o economista, a última leitura do índice de preços ao consumidor nos EUA (CPI) –  que subiu marginalmente em julho, atingindo 3,2% em 12 meses (vindo de 3% em junho), com o núcleo (medida excluindo os preços de energia e alimentos que são mais voláteis) caindo ligeiramente para 4,7% em 12 meses (vindo de 4,8% em junho) – foi interpretada por muitos analistas como evidência de que as chances de uma pausa na próxima reunião do FOMC teriam aumentado. É possível que a análise da ata vá na mesma direção por parte do mercado.

“Apesar das ponderações sobre opiniões divergentes em favor do final do ciclo, as preocupações com a permanência de desequilíbrios são claras na ata do FOMC e, no final das contas, existe o reconhecimento de que a batalha contra a inflação alta ainda não terminou. A meu ver, existe uma possibilidade real de que ocorra uma pausa nos aumentos em setembro, mas se isso significará o encerramento do ciclo (ou não) ainda está totalmente em aberto. Em conjunto com as incertezas domésticas dos EUA existe um cenário internacional com renovadas turbulências, particularmente vindo da China”, finaliza.