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A ata do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA), divulgada nesta quarta-feira (19), enfraqueceu a ideia de que o “cenário base ainda é de redução dos juros até o nível neutro”, avaliou Andressa Durão, economista do ASA.
No último encontro do Fomc, encerrado em 29 de janeiro, os membros decidiram por unanimidade manter os juros na faixa atual de 4,25% a 4,50%.
De modo geral, especialistas apontaram que o documento reforçou as declarações recentes de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve), e da maioria dos membros do comitê. O texto também destacou a abordagem cautelosa da autoridade monetária e sua prioridade no controle da inflação.
“A meu ver, a principal mensagem da ata é a preocupação renovada com a dinâmica inflacionária. Além de reafirmar que a inflação permaneceu acima da meta nos últimos meses, o documento alerta para a assimetria altista no balanço de riscos”, comentou Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
Ata apontou impactos das políticas comerciais e imigratórias de Trump
O documento também abordou as consequências das políticas do presidente dos EUA, Donald Trump. Desde que reassumiu a Casa Branca, o republicano tem adotado uma série de medidas e assinado ordens executivas voltadas à restrição da imigração no país.
“Não chega a ser uma surpresa, e os movimentos de mercado não sofreram alterações visíveis após a divulgação do documento. No entanto, cresce a possibilidade de que um eventual corte nos juros ocorra apenas no segundo semestre”, avaliou Igliori.
De um lado, o texto aponta que o balanço para o emprego foi considerado relativamente equilibrado. Por outro, destaca que, no caso da inflação, os riscos de alta superam os de queda. Essa assimetria decorre não apenas da análise de dados recentes, mas também dos potenciais impactos das políticas comerciais e imigratórias do novo governo.
“Além disso, as discussões sobre a viabilidade de um corte de 0,25 ponto percentual devem ganhar relevância. Em breve, aqueles que consideram até mesmo o risco de novos aumentos de juros passarão a ser ouvidos com mais atenção”, acrescentou o economista.