O open banking brasileiro, cuja segunda fase teve início nesta sexta-feira (13), é o maior projeto de sistema financeiro aberto do mundo, de acordo com o chefe do departamento de regulação do Banco Central, João André Pereira. “Estamos criando o maior open banking do mundo e batendo vários recordes mundiais”, afirmou em evento virtual promovido pela autoridade monetária para tirar dúvidas sobre o novo modelo.
O chamado open banking é o compartilhamento de dados, produtos e serviços pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas, que acontece a critério de seus clientes. A ideia é que, sabendo das condições de crédito dadas ao consumidor pela instituição “A”, a instituição “B” consiga oferecer juros mais baixos.
Ao fim da implementação, em uma versão mais ampliada, o sistema integrará também produtos não bancários, como seguros e previdência, e será chamado de open finance.
A segunda etapa começa com mais de cem instituições financeiras participantes. Entre eles, apenas 11 são obrigatórios, o restante optou por integrar o projeto.
Nesta fase, os clientes poderão solicitar, nas instituições participantes do sistema, o compartilhamento de seus dados cadastrais e informações sobre transações em contas, cartão de crédito e produtos de crédito contratados.
O compartilhamento de dados só poderá ser feito com a autorização expressa do cliente e sempre para finalidades determinadas e por um prazo específico.
Caso queira, o cliente também poderá cancelar essa autorização a qualquer momento e em qualquer das instituições envolvidas.
“O compartilhamento se dá sempre por iniciativa do cliente. Ele pode ir a outra instituição financeira pedir a cotação de um financiamento e autorizar que tenha acesso aos seus dados”, afirma o técnico do Banco Central.
Os consumidores entrarão de forma escalonada no sistema, que inicialmente funcionará apenas em dias úteis, das 8h às 18h. Até 12 de setembro, 0,1% dos clientes bancários poderão compartilhar seus dados, o equivalente a 50 mil pessoas.
O percentual aumentará progressivamente até outubro, quando 100% das empresas e famílias poderão fazer parte do open banking.
“Batemos recordes em tempo de implementação, quantidade de chamadas [integrações entre instituições] e quantidade de participantes”, ressaltou Pereira.
De acordo com o Banco Central, os clientes não podem ser cobrados para compartilhar seus dados, mas está em discussão a criação de uma tarifa entre instituições.
Para Pereira, o Brasil terá mais adesão que em outros países que já adotaram o sistema financeiro aberto, como a Inglaterra.
“O ambiente no Brasil é muito diferente, as possibilidades aqui são muito maiores. Temos um espaço grande de inclusão [financeira]. Tivemos 40 milhões incluídas com o auxílio [emergencial], essas pessoas agora tem contato com o sistema financeiro e precisam de produtos mais adequados para o seu perfil”, pontuou.
Segundo a autoridade monetária, o principal benefício do open banking será a oferta de produtos e serviços mais adequados ao perfil de cada consumidor, a custos mais acessíveis e de forma mais ágil e segura.
A primeira fase começou em fevereiro com o compartilhamento de dados apenas das instituições, como endereços, telefones, produtos e serviços oferecidos.
A terceira etapa está prevista para 30 de agosto, e a quarta, para 15 de dezembro.