BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 56,4 bilhões nos primeiros nove meses de 2021, maior patamar da série histórica iniciada em 1997, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (1°) pelo Ministério da Economia.
O saldo acumulado do ano ficou 38,3% acima do registrado no mesmo período de 2020 (US$ 40,8 bilhões). O dado dos nove meses já é maior do que o observado em qualquer período de 12 meses fechados da série histórica.
No entanto, houve uma desaceleração do indicador em setembro. Motivado por um crescimento mais intenso da importação e um valor médio menor dos produtos exportados, como minério de ferro, o saldo das compras e vendas do Brasil no exterior ficou positivo em US$ 4,3 bilhões ?dado 15% menor do que o observado no mesmo mês de 2020.
O subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, afirmou que as exportações brasileiras tiveram um pico em junho, com leve recuo nos meses seguintes, mas ainda mantendo um nível alto.
?Temos um crescimento dos volumes exportados ao longo do ano, mas muito influenciado pelo crescimento dos preços até o segundo trimestre. Agora já há uma redução, temos uma desaceleração valor do minério de ferro, que chegou a um pico de US$ 160 por tonelada em agosto e agora está em US$ 120?, disse.
De janeiro a setembro deste ano, houve crescimento de 36,9% no valor total das exportações, alcançando US$ 213,2 bilhões. O aumento nas importações foi de 36,4%, indo a US$ 156,8 bilhões. Por isso, a diferença entre os produtos comprados e vendidos pelo Brasil no mercado internacional ficou positiva.
A corrente de comércio, que soma os valores vendidos e comprados, avançou 36,7% no ano, totalizando US$ 370 bilhões. Esse indicador é considerado o mais importante pela equipe econômica porque mede o dinamismo do comércio exterior do país.
O movimento positivo do ano foi impulsionado pela retomada da atividade econômica no mundo, com avanço da vacinação contra o coronavírus e arrefecimento da pandemia.
Além da continuidade de crescimento das vendas para a China, as exportações tiveram impulso de regiões que haviam reduzido as compras de produtos brasileiros durante a fase aguda da crise sanitária em 2020 e que voltaram a comprar mais, como Estados Unidos e União Europeia.
Na separação por setor da economia, indústria extrativa apresentou forte crescimento, puxada pela mineração. A média diária de exportação do setor cresceu 76,6% no ano, alcançando US$ 62,3 bilhões.
As exportações na agropecuária cresceram 21,2% e totalizaram US$ 45,1 bilhões no período. A indústria de transformação, por sua vez, vendeu 26,7% a mais, com valor total de US$ 104,7 bilhões.
No recorte por regiões, a maior parte dos países comprou mais produtos brasileiros no período.
Houve alta de 47% das exportações para os Estados Unidos e expansão de 32% para a União Europeia. As vendas para países da América do Sul subiram 52%.
Para a China, o valor da exportação registrou alta de 32,6% nos primeiros nove meses do ano. A participação dos chineses ficou em 34,3% de todo o valor exportado pelo Brasil, na liderança entre os compradores ?no ano passado, o patamar foi um pouco mais alto, de 35,5%. Os Estados Unidos, por exemplo, têm 10,4% de participação nas exportações brasileiras.
A cada três meses, o Ministério da Economia refaz estimativas para os resultados do comércio exterior para o ano. Na revisão apresentada nesta sexta, a pasta prevê que o saldo comercial brasileiro deve encerrar 2021 positivo em US$ 70,9 bilhões, 40,7% melhor do que o resultado de 2020.
A revisão trouxe uma piora na projeção para o indicador. Estimativa anterior, divulgada em julho, apontava para um superávit de US$ 105,3 bilhões na balança comercial em 2021.
A previsão da pasta é que as exportações encerrem o ano em US$ 281 bilhões, menor do que a projeção anterior, de US$ 307,5 bilhões.
Segundo Brandão, a última projeção havia sido feita no auge da elevação de valores de produtos, como minério de ferro e combustíveis. Com o desaquecimento dos preços, os dados foram revisados considerando esse novo cenário.
“Essa recuperação [da economia mundial] é muito desigual entre países e setores e ela tem evidenciado gargalos na produção mundial. Há uma certa desorganização das cadeias de produção. Nós acompanhamos, por exemplo, a falta de microchips. Isso dificulta a previsibilidade das variáveis macroeconômicas”, disse.