Servidores do Banco Central (BC) decidiram em assembleia nesta terça-feira (12) manter a paralisação por tempo indeterminado. O anúncio vem após o presidente do BC, Roberto Campos Neto, não comparecer à reunião esperada para a manhã de hoje, conforme informado pelo presidente do Sindicato Nacional de Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad.
A paralisação, que começou no dia 1º de abril, já afeta diversas atividades do Banco Central, principalmente no que se refere ao atraso na divulgação de indicadores e relatórios da economia brasileira. A título de exemplo, essa já é a segunda semana sem a divulgação do Boletim Focus, que reúne projeções do mercado para os principais índices econômicos.
De última hora, o Banco Central passou a prever na agenda da diretora de Administração, Carolina de Assis Barros, uma reunião com os sindicatos que representam os servidores do órgão. No entanto, segundo Faiad, a diretora apenas informou que a conversa com Campos Neto só ocorreria quando houvesse uma sinalização mais concreta de proposta para as demandas da categoria.
Os servidores do BC pedem recomposição salarial de 26,3% e reestruturação de carreira, tais como a mudança do nome do cargo de analista e a exigência de ensino superior para a carreira de técnico. Essas medidas, conforme o sindicato alega, não têm impacto orçamentário.
“Não haverá reunião com o presidente Roberto. Ele só vai se reunir com a gente quando tiver notícias da proposta”, disse o presidente o jornal “O Estado de S. Paulo”.
Esse “apagão de dados” ocorre em um momento crucial para a política monetária. Ontem, Campos Neto indicou que a autarquia vai analisar se houve mudanças na tendência após a surpresa com o IPCA (Índice de Preços no Consumidor) de março registrar 1,62%.
O movimento deve afetar ainda a publicação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de fevereiro, cuja divulgação estava marcada para esta quinta-feira (14). Os dados do fluxo cambial não têm atualização há duas semanas. Da mesma forma, o Banco Central não divulgou as notas de setor externo, crédito e fiscal de fevereiro.