Ontem, o Banco Central do Brasil anunciou mais um aumento na taxa básica de juros (SELIC) em 1,5% (150 pontos base) que passou de 6,25% a.a para 7,75%. O ajuste do aperto monetário, segundo o comunicado, segue as projeções de piora no quadro inflacionário divulgado no Boletim Focus mais recente e a deterioração do cenário fiscal. O COPOM foi direto ao ponto “contratando” mais elevações nas próximas reuniões, trazendo a expectativa de uma taxa em 9,25% para o fechamento de 2021.
Em relação ao quadro fiscal, o BCB afirma que “recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem”, com isso comunica que, apesar dos esforços em subir pontos na SELIC, a tendência inflacionária está parcialmente ligada a desconfiança e incerteza do cenário de orçamento pré-eleitoral. É crível que esses “recentes questionamentos” já ocorriam antes, visto o balanço de riscos do próprio Banco Central nas últimas reuniões, mas o quadro foi acentuado com o total rompimento da regra do teto e os rumores a respeito do abandono da regra para o custeio do Auxílio Brasil (programa social escolhido pelo atual governo para substituir o Bolsa Família).
O patamar atual do nível de preços e o nível de atividade “… com evolução abaixo do esperado”, forçam o BCB a adotar uma estratégia de comunicação direta e persistente, a fim de derrotar o desafio de ancorar as expectativas para 2022. Nesse quadro, o IPCA deve flutuar ao redor da casa dos dois dígitos em 2021, mas com uma trajetória que convirja mais com o centro da meta (3,5%) para o próximo ano, mas, provavelmente, sem êxito nesta convergência.
O Banco Central fez o movimento esperado por cerca de 50% das expectativas de mercado, vamos ver o resultado no horizonte crível das expectativas.