Os países estão cada vez mais temerosos com uma possível recessão global, cuja probabilidade vem aumentando diante da necessidade dos bancos centrais de vários países apertarem suas políticas monetárias para conter a alta da inflação. Nas últimas semanas, vários bancos centrais, como o Fed (Federal Reserve, o Banco Central norte-americano) e o Banco Central do Brasil, precisaram elevar suas taxas de juros. Diante deste cenário, vários bancos aumentaram a probabilidade de haver uma recessão nos EUA e na Europa.
O banco norte-americano Goldman Sachs aumentou sua probabilidade de uma recessão nos EUA para 48% nos próximos dois anos. A estimativa anterior era de 35%. Já a probabilidade de haver uma recessão em 2023 aumentou para 30%.
O relatório emitido pela instituição financeiro afirma que a atividade econômica do país está desacelerando, mas cadeias de abastecimento estão se recuperando.
O Goldman Sachs ainda acredita que o Fed vai agir mais agressivamente, levando a um aumento de 2,5 pontos percentuais na taxa de desemprego. O banco acabou reduzindo a expectativa de crescimento do PIB para 2022 com base anual, de 2,5% para 2,4%. Apesar disso, a instituição financeira alega que uma recessão pode ser branda.
Para os economistas da Berenberg, a economia norte-americana vai entrar em recessão em 2023, com o PIB caindo 0,4% durante o ano. Eles também acreditam que os juros elevados irão apertar a economia dos EUA no primeiro semestre.
“A reação agressiva do Fed à inflação americana de 8,6% em maio afetou o equilíbrio. Agora, uma queda do PIB se tornou um grande risco em nosso cenário base”, disse o banco em nota.
“A recessão será branda e a renda disponível começará a crescer novamente no fim de 2023 à medida que a inflação recua”, completou.
O banco Deutsche Bank, ao contrário da Berenberg e Goldman Sachs, enfatiza que a recessão pode não ser branda. Em nota, o banco estima uma recessão “mais cedo e mais severa” do que esperava há dois meses.
Segundo o banco, a economia deve contrair cerca de 0,5% em 2023. Caso a queda seja maior, a instituição financeira alemã estima que a taxa de desemprego pode passar a ser de 5,5%. Na Europa, o Deutsche aumentou sua expectativa por uma recessão. Segundo o diretor-presidente do Deutsche Bank, Christian Sewing, a probabilidade de uma recessão no continente é maior do que a registrada em qualquer período anterior.
Em entrevista para a “CNBC”, Sewing afirmou que a dependência da Europa de importação de energia da Rússia mostra que a região está especialmente vulnerável. De acordo com o banqueiro, se a Rússia deixar de trazer gás, a probabilidade da recessão chegar ainda mais cedo é muito grande.