Bancos privados decidiram suspender a oferta de empréstimos consignados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A decisão acontece após o Conselho Nacional de Previdência reduzir, na segunda-feira (13), o juro máximo permitido nessa operação, passando de 2,14% para 1,70%.
Os bancos afirmam, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que não têm condições de pagarem os custos de captação de clientes com as novas taxas determinadas pelo órgão ligado ao Ministério da Previdência.
Entre as instituições que decidiram interromper a oferta do crédito estão todos os grandes bancos privados, como Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. O Itaú confirmou a decisão, os demais bancos, não. Não há indicações de que Caixa e Banco do Brasil vão suspender as operações.
De acordo com o “G1”, o Palácio do Planalto viu a decisão do CNPS como mais uma medida tomada sem passar pelo núcleo do governo. Na terça-feira (14), o presidente Lula repreendeu ministros e integrantes do governo que tomam decisões sem consultar a Casa Civil.
O Ministério da Fazenda alertou a Previdência Social, antes da reunião de segunda, de que a decisão iria ser um tiro no pé: ao invés de ampliar a oferta de crédito, iria reduzir as linhas do consignado.
Febraban diz que bancos não precisam de juros altos para lucrar
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, saiu em defesa dos bancos e disse que as instituições financeiras não precisam de juros altos para lucrar, segundo informações da CNN. A afirmação ocorreu durante durante o evento Brazil Conference promovido pelo grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Lisboa, no início de fevereiro.
“Os bancos não precisam de juros altos para ter lucro. O que precisamos é de uma agenda para reduzir o custo de crédito. Os juros precisam baixar e isso não depende só dos bancos”, disse Sidney.
Segundo a CNN, o presidente da Febraban defendeu que os bancos têm spreads altos (diferença entre os juros pagos na captação e cobrados nos empréstimos) por causa do nível elevado de inadimplência e da dificuldade de execução de garantias.
“É muito caro no Brasil tomar crédito. Temos que sair da posição vergonhosa de ser o setor bancário que menos recupera garantias no mundo”, comentou.