O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, tem defendido nos bastidores que a transição de comando da instituição aconteça mais cedo e de forma “suave e colaborativa”.
Para Campos Neto, o novo nome deve ser escolhido até meados de outubro e novembro, quando acontecerão as sabatinas feitas pelo Senado. O mandato do economista encerra no dia 31 de dezembro.
Analistas temem que o sucessor do atual presidente do BC tenha dificuldades em resistir às pressões do Palácio do Planalto e do PT. O presidente Lula (PT) fez duras críticas a Campos Neto em 2023, diante da elevada taxa de juros.
Gabriel Galípolo é nome favorito para a transição
O favorito à sucessão para a presidência do banco é Gabriel Galípolo, economista que dirigiu o Banco Fator e que chegou à campanha eleitoral de Lula, em 2022, pelas mãos do PT.
Na montagem do governo, Galípolo acabou assumindo a posição de número 2 do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não sem antes ter sido cogitado para cargos em voo solo, como a presidência do BNDES.
Posteriormente, diante da concordância de Galípolo com as decisões de Campos Neto e da diretoria do BC, o partido passou a não ver com bons olhos o fato do economista não se posicionar contra o projeto de autonomia financeira da instituição, que ganhou vida no Senado.
Em entrevista à Folha de S.Paulo no início de março, Campos Neto revelou que o apoio à proposta de autonomia financeira do BC é unânime na diretoria. Boa parte do PT, por outro lado, já demonstrou ser contra a ideia, que também enfrenta resistência no Tesouro Nacional e no Ministério da Gestão, de Esther Dweck.
Haddad critica articulação de Campos Neto sobre autonomia do BC
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), declarou, no dia 27 de março, que Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), cometeu um arro ao ignorado o governo em relação à articulação da PEC da autonomia financeira autarquia no Congresso Nacional.
Haddad afirmou que a movimentação polícia do presente do BC não foi bem vista pelo governo e que “não é menos importante” por ser “questão de protocolar”.
“Eu fui o promotor da aproximação do Roberto com o governo, em geral, e com o presidente da República, em particular. Eu penso que, em se tratando da Constituição do país, haveria uma conversa prévia. E não houve. Foi isso o que eu disse para o Roberto”, afirmou Haddad, em entrevista à “CNN”.
Campos Neto se antecipou na negociação com senadores para que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que trata da autonomia orçamentária para a autarquia, avançasse. O movimento desvincula a relação do BC com o Poder Executivo, incluindo autonomia referente a condução da política monetária.
Além do “atravessamento”, o ministro declarou que não concorda com alguns dispositivos.
“Aliás, não só eu. Muita gente ouvida aqui não concorda. Precisa ser objeto de uma análise mais detida por parte de quem vai decidir”, pontuou.