O BC da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), decidiu manter a taxa de juros em 5,25% – a mais alta em 16 anos – nesta quinta-feira (20). A decisão é a mesma há 7 encontros consecutivos e não surpreendeu o mercado.
Segundo a ata da reunião, mais uma vez não houve unanimidade. O placar foi 7 a 2 pela manutenção dos juros, como no encontro de maio. Os dois diretores com voto divergente sugeriram um corte de 25 pontos-base na taxa.
O comitê MPC do BoE reconheceu que a inflação CPI de doze meses no Reino Unido se comportou melhor, recuando de 3,2% anualizados em março para 2,0% em maio, e que os indicadores das expectativas de inflação de curto prazo também continuaram a moderar, especialmente para as famílias.
Mas foi descrito que a inflação de serviços ficou em 5,7% em maio, pouco abaixo dos 6,0% de março, um pouco acima do projetado.
Alguns membros do comitê destacaram que o retorno da inflação para o patamar de 2%, apesar de boa notícia, não foi suficiente para retornar à meta.
Copom: sem surpresas, BC mantém Selic em 10,50%
Os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiram manter a taxa de juros básica do Brasil, a Selic, em 10,50% a.a. A decisão foi unânime entre os membros do Comitê.
O anúncio do Copom, que põe fim ao ciclo de cortes observado desde agosto de 2023, ocorreu após o fechamento do mercado, nesta quarta-feira (19).
Na decisão, o Comitê citou que o cenário externo mostra uma incerteza “elevada e persistente” quanto à política monetária, com os bancos centrais ao redor do mundo “determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”.
No cenário de referância, a projeção do Copom para a inflação em 2024 e 2025 é de 4,0% e 3,4%, respectivamente.
“O principal fator para essa manutenção é a deterioração das expectativas de inflação, especialmente para 2025, que é o horizonte relevante para a política monetária”, disse Gabriel Carris, analista da Aware Investments.
Mesmo dentro das expectativas do mercado, Felipe Queiroz, Economista-chefe da APAS (Associação Paulista de Supermercados) e pesquisador da Unicamp, reitera que a decisão acende um alerta quanto aos efeitos da manutenção da Selic nesse patamar sobre o nível de atividade doméstica.
“Já era uma decisão aguardada pelo mercado, porém o que estamos observando é que ela pode produzir um efeito negativo, especialmente sobre o consumo das famílias, tendo em vista que nós atualmente temos uma das maiores taxas reais de juros do mundo”, afirmou.