Economia

BC: diretor reforça alerta sobre política fiscal e vê mercado assustado

Para Renato Gomes do BC, o mercado está inquieto com a possibilidade de o governo não atingir a meta fiscal de déficit zero de 2025

Banco Central / BC
Banco Central (BC)/ Foto: BC

O diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC (Banco Central), Renato Gomes, comentou nesta sexta-feira (25) sobre os fatores que têm lançado preocupações com a política fiscal do governo brasileiro. Para ele, acontecimentos recentes nessa área assustaram o mercado.

Gomes também deu ênfase na atuação do BC com a taxa de juros, que segundo ele segue focada em levar a inflação exatamente à meta de 3%, mas com uma calibragem que leve em conta as incertezas do cenário.

“Há alguns ingredientes (fiscais) recentes que, em minha opinião, assustaram os participantes do mercado”, disse o diretor, segundo a “Reuters”. Gomes está em evento do BofA (Bank Of America), às vésperas das reuniões do FMI e do Banco Mundial.

A previsão de aumento do déficit de empresas estatais foi um dos fatores citados pelo diretor do BC. Esse aumento aconteceria através da aceleração de investimentos dessas companhias por fora do arcabouço fiscal. 

Na avaliação de Gomes, o mercado está inquieto com a possibilidade de o governo não atingir a meta fiscal de déficit zero de 2025.

Em paralelo a isso, o executivo apontou também para o uso de fundos para financiar políticas públicas por fora do Orçamento. Além disso, existe uma preocupação quanto ao crescimento das emissões de LCD (Letra de Crédito do Desenvolvimento) pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que conta com subsídio implícito.

“Se juntarmos tudo isso, talvez possamos entender um pouco melhor o prêmio que vemos em diferentes faixas da curva (de juros)”, afirmou o diretor do BC. 

Seu argumento também foi que o déficit nominal do País gera preocupações com a capacidade de melhora na trajetória da dívida pública, segundo o jornal.

O Orçamento é comprido pelos gastos obrigatórios do governo, disse Gomes, o que pode inviabilizar o cumprimento do limite de despesas do arcabouço fiscal. Na visão do diretor do BC são necessárias reformas estruturais para que o regramento se sustente.

As expectativas de inflação não devem sentir o impacto da previsão de desaceleração fiscal neste semestre. O diretor do BC indicou que o Brasil precisa de um choque nas contas públicas, assim as estimativas de mercado para os preços futuros devem se mover substancialmente.

BC: eleição nos EUA pode afetar condições para a curva de juros

O diretor de organização do sistema financeiro e resolução do BC (Banco Central), Renato Gomes, comentou nesta quinta-feira (24) que as incertezas existem tanto no cenário doméstico como no externo. 

Durante participação em evento sobre conjuntura econômica e inovação financeira, organizada pelo HSBC, em Washington, nos EUA, o dirigente do BC destacou que a decisão de iniciar o aperto gradual no ciclo de política monetária auxilia o BC a comunicar aos mercados que a autarquia está seguindo a mesma função de reação de antes.

Em setembro, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar a Selic (taxa básica de juros), que saiu de 10,50% para 10,75% ao ano na última reunião.

Enquanto isso, considerando o cenário externo, Gomes citou que a eleição nos EUA pode afetar “severamente” as condições financeiras para a curva de juros e afetar os mercados emergentes.

Avaliação do dirigente do BC sobre o cenário doméstico é que a atividade está resiliente e o mercado de trabalho apertado.