Diogo Guillen, diretor de política econômica do BC (Banco Central), afirmou que há duas opções colocadas na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), de manutenção do patamar dos juros ou de alta, “para mim isso já é uma indicação forte de que um começo do ciclo seria gradual”.
Guillen se referia a uma afirmação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que “se e quando houver um ciclo de ajuste nos juros, esse ciclo será gradual”. A fala de Campos Neto aconteceu na semana passada.
As sinalizaçõe do Copom na última ata foram de um momento de cautela e avaliação da estratégias para a política monetária.
A primeira delas seria a manutenção de juros “por tempo suficientemente longo” para convergir a inflação à meta da autarquia.
Enquanto a segunda indicação do colegiado foi que “não hesitará” em elevar os juros para assegurar o cumprimento da meta de inflação “se julgar apropriado”.
Guillen reforçou que o colegiado decidiu não dar um “guidance” (orientação) e seguir observando os dados para a próxima reunião, que acontecerá nos dias 17 e 18 deste mês.
“Na ata tivemos a discussão sobre isso, a discussão sobre, dado que é dependente de dados e que é aberto, vamos pensar nas estratégias que temos”, disse o dirigente do BC, segundo o “Valor”.
Segundo Guillen, olhando para o passado, “momentos de ciclo, de começar um ciclo ou terminar um ciclo, começos normalmente são graduais”.
O dirigente do BC também destacou que a abordagem usual é começar gradual e definir um ciclo para atingir a meta. “Agora, a forma do ciclo vai, como sempre, ser o que tem que ser para levar a inflação para a meta”, prosseguiu.
O diretor também pontuou a necessidade de separar o começo gradual de um ciclo de alta na Selic e o compromisso “forte” de conduzir a política monetária para atingir a meta de inflação. “Eu não confundiria os dois”, afimrou.
Galípolo: BC está “dependente de dados” para definir rumo da Selic
O diretor de política monetária e potencial novo presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, disse, nesta segunda-feira (26), que a instituição está “dependente de dados” para definir os rumos da taxa básica de juros (Selic).
Galípolo citou a divulgação do mercado de trabalho, do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), principal medidor da inflação, e do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre como dados importantes. A próxima reunião do Copom acontece nos dias 17 e 18 de setembro.
Ele também comparou o cenário econômico do Brasil e dos EUA, afirmando que, enquanto o país norte-americano dá sinais de moderação na economia, aqui os sinais são de uma resiliência maior da atividade econômica.
“Por isso que o Banco Central assumiu uma posição mais conservadora, interrompeu o ciclo de corte e ficou dependente de dados”, disse Galípolo.
Segundo o diretor de política monetária, “historicamente, a inflação de bens costuma rodar em patamares inferiores as de serviços” e, para ele, o Brasil está em um processo de expectativas desancoradas.
Para os próximos anos, a meta de inflação é de 3% ao ano, mas as expectativas do mercado estão bem acima disso. No Boletim Focus divulgado nesta segunda (26), as projeções para o IPCA deste ano subiu novamente, para 4,25%.