O Banco Central do Brasil comunicou nesta quarta-feira (2) que irá cortar a atual taxa de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano. É a primeira vez em dois anos que a autoridade monetária optou por cortar a taxa Selic.
Na última reunião, ocorrida em 21 de julho, o Copom (Comitê de Política Monetária) optou por não mexer na taxa de juros, mas deu indicativos de um possível corte em agosto.
“O Comitê avalia que a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária”, escreveu o BC em comunicado.
Todos os membros do Copom votaram a favor da redução dos juros. Roberto de Oliveira Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso votaram pelo corte de 0,50 ponto percentual. Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes, pela redução em 0,25 ponto percentual.
“Tivemos um comunicado dovish e mais neutro. Foi uma decisão bem disputada. O comitê decidiu por cortar os juros em 0.50 com o placar em 5 a 4 e a grande surpresa foi o Roberto Campos Neto votando a favor de 0.50 e não a favor do 0.25, que era sim uma decisão mais esperada pelo menos por parte dele. O mercado esperava que de fato houvesse uma dissidência em relação a decisão no qual obviamente o Galípolo e o Ailton fossem pender mais para 0.50 e os demais pender mais para 0.25, mas não foi o que aconteceu. A gente viu que outros membros decidiram abraçar a ideia de um corte de juros maior mesmo nesse início de ciclo com uma inflação ainda resiliente”, afirmou Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.
No documento que acompanha a decisão monetária, os dirigentes do Copom afirmaram que o corte de 0,50 ponto percentual da taxa de juros é coerente com a estratégia de convergência da inflação.
“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, pontuaram os membros do BC.
Lula critica Campos Neto e diz que nível da Selic não tem justificativa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou nesta quarta-feira (2) suas críticas ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Durante café da manhã com jornalistas de veículos estrangeiros, Lula afirmou que Campos Neto “não entende de Brasil” e “não entende de povo”. “Não sei a quem que ele está servindo. Aos interesses do Brasil, não é”, disse.
Segundo Lula, a decisão de junho de manter a taxa Selic inalterada a 13,75% carece de justificativa. Além disso, o presidente ainda pontuou que a economia do Brasil continuará se expandindo, mesmo diante das taxas de juros elevadas.