O Banco Central do Brasil (BC) comunicou nesta quarta-feira (20) que irá cortar a atual taxa de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano. Este é o segundo corte de mesma base de pontos na Selic.
A redução já era prevista na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que sinalizou a manutenção do ritmo de cortes.
Na última reunião, o Copom baixou a Selic pela primeira vez desde 2020, para 13,25% ao ano.
“O mercado já esperava uma redução de 0,5 p.p. da Selic. Nossa expectativa é que o Banco Central continue reduzindo os juros, mas de forma paulatina, uma vez que expectativa de inflação para 2023 ainda está acima da meta e deverá ficar próxima de 5%”, disse Daniel Wainstein, sócio senior da Seneca Evercore.
BC vê maior resiliência da inflação, mas espera desaceleração
Em texto que acompanha a decisão, a diretoria do BC afirmou ter observado uma maior resiliência da inflação. No entanto, o comitê espera ver uma desaceleração da economia nos próximos trimestres.
“As medidas mais recentes de inflação subjacente apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,9%, 3,9% e 3,5%, respectivamente”, disse o comunicado.
Além disso, o Copom ressaltou a importância de execução das metas fiscais já estabelecidas pelo governo para que ocorra a ancoragem de expectativas da inflação.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”, escreveu.
“Na minha leitura, o comunicado foi bem hawkish e já deixa bem claro a contratação de mais duas quedas de 0,50 p.p, ou seja, elimina totalmente a possibilidade que o mercado vinha precificando de uma possível aceleração da queda neste ano ainda”, afirmou Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.
A cada 45 dias, o comitê analisa os dados econômicos do País e define a direção dos juros, com o principal objetivo de que a inflação oficial fique dentro da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) — de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O Copom irá se reunir novamente em 31 de outubro e 1º de novembro.