O cenário da economia no terceiro trimestre do ano é de retomada da atividade em todas as regiões do país, de forma menos intensa e concentrada no setor de serviços, segundo análise do Boletim Regional, divulgado pelo Banco Central (BC). As informações são da Agência Brasil.
O boletim, que apresenta as condic?o?es da economia nas cinco regio?es do país, diz que esse comportamento da economia tende a favorecer as economias do Nordeste e Sudeste.
SUDESTE
No Sudeste, a atividade econo?mica continuou em expansa?o no terceiro trimestre, favorecida pela recuperação do setor de serviços, com o avanc?o da vacinac?a?o contra a Covid-19 e menor efeito da pandemia na região. Todos os segmentos de servic?os apresentaram abertura de vagas, com destaque para atividades administrativas e servic?os complementares, alojamento e alimentac?a?o.
Por outro lado, o boletim aponta que o comércio varejista, apo?s va?rios meses de relativa estabilidade, registrou retrac?a?o mais pronunciada a partir de agosto, encerrando o terceiro trimestre com variac?a?o negativa, refletindo o possi?vel deslocamento da demanda para servic?os.
Em relação à Indústria, dificuldades para a obtenc?a?o de insumos e os prec?os de algumas cadeias produtivas, especialmente a automotiva, contribuíram para a queda da produc?a?o no terceiro trimestre. Houve retrac?a?o em quinze dos 22 setores pesquisados, com destaque para fabricac?a?o de outros produtos de transporte (11,7%) e vei?culos (8,4%).
Com isso, no trimestre, o índice de atividade econômica da região variou 0,4%, apo?s expansa?o 0,8% no período anterior. Segundo o BC, os indicadores apontam para acomodac?a?o da atividade econo?mica no Sudeste, no quarto trimestre.
“Presso?es de custos e falta de insumos em setores da indu?stria, com e?nfase no segmento automotivo, te?m efeitos negativos sobre a produc?a?o fabril. Em sentido contra?rio, o avanc?o da vacinac?a?o favorece a continuidade da recuperac?a?o dos segmentos de servic?os mais impactados pela pandemia, sobretudo os direcionados a?s fami?lias”, diz o boletim.
NORDESTE
No Nordeste, o crescimento econo?mico no trimestre encerrado em setembro foi liderado pelos servic?os, destacando-se os prestados a?s fami?lias e transportes, em ambiente de recuperac?a?o gradual da mobilidade das pessoas e de ligeira melhora no mercado de trabalho.
“O contexto de arrefecimento da pandemia e melhora da confianc?a refletiu-se em maior dinamismo de atividades que dependem de interac?a?o social, como os servic?os prestados a?s fami?lias e as relacionadas ao turismo, que te?m maior representatividade no Nordeste”, diz o boletim.
Também houve um cenário de recuperação parcial da indu?stria de transformac?a?o, apo?s retrac?o?es nos dois trimestres anteriores. Com isso, o índice de atividade econômica da região expandiu 0,5% no peri?odo em relac?a?o ao anterior, quando cresceu 0,8% na mesma base de comparac?a?o.
CENTRO-OESTE
O Centro-Oeste registrou crescimento mais moderado no terceiro trimestre, influenciado principalmente pelos efeitos da menor produção de milho e cana-de-açúcar. O resultado positivo foi sustentado pela expansão do comércio, da construção civil e dos serviços de alojamento e alimentação, repercutindo os efeitos do avanço na vacinação.
Nesse contexto, o índice de atividade econômica da região cresceu 0,7% no terceiro trimestre de 2021, em relação ao trimestre anterior (2,3%), segundo dados dessazonalizados. No acumulado de doze meses, o indicador expandiu 2% em setembro (0,8% no mesmo mês de 2020).
O boletim aponta ainda que a safra recorde de gra?os na?o deve se repetir no ano de 2021 em decorre?ncia das condic?o?es clima?ticas adversas, principalmente da estiagem prolongada a partir de fevereiro, que provocou queda significativa nas colheitas de milho, algoda?o e cana-de-ac?u?car.
“A economia do Centro-Oeste manteve trajetória de crescimento, com oscilações relacionadas ao desempenho do agronegócio. A perspectiva de safras recordes de commodities agrícolas em 2022 continua sendo importante varia?vel de sustentac?a?o para a regia?o, com desdobramentos em outras atividades”, diz o documento.
NORTE
A Região Norte na?o repetiu o bom desempenho observado no trimestre anterior. Segundo o boletim, o recuo refletiu a desacelerac?a?o na indu?stria e no come?rcio, impactados pela limitac?a?o da oferta de insumos na cadeia produtiva. O índice de atividade econômica da região recuou 1% no terceiro trimestre do ano, influenciado pelas retrac?o?es no Amazonas (-3,1%) e Para? (-0,9%).
Segundo o boletim, no setor de servic?os, apesar do arrefecimento da intensidade da recuperac?a?o na margem, o setor registrou expansa?o no terceiro trimestre, com aumento em quatro estados. A produção industrial da região acompanhou o que ocorreu na indústria nacional e também registrou contração no trimestre. A indústria geral recuou 1,5% no período.
Já as vendas do come?rcio reverteram crescimento assinalado no segundo trimestre. Com isso, o Norte encerrou o terceiro trimestre com recuo de 0,7% no come?rcio ampliado (9,7% no segundo trimestre), com quedas em cinco dos sete estados da regia?o.
O boletim aponta, contudo, para um crescimento do faturamento do varejo, em maior proporc?a?o nos setores de alimentac?a?o e combusti?veis. A expectativa para a região é que, no quarto trimestre, o desempenho do setor melhore, impulsionado pelas vendas de final de ano, com a Black Friday e o Natal.
SUL
A Região Sul assinalou desacelerac?a?o do processo de crescimento, com indicadores da produc?a?o industrial e do come?rcio abaixo do esperado. Com isso, o índice de atividade econômica no terceiro trimestre recuou 0,7%, apo?s quatro intervalos consecutivos de alta. O setor industrial foi o quem mais contribuiu para a retração da atividade econômica, em razão de problemas com a normalizac?a?o da cadeia de suprimentos, além dos estoques reduzidos e custos elevados.
O resultado do terceiro trimestre confirmou a recuperac?a?o do setor de servic?os, que expandiu pelo quinto peri?odo em seque?ncia, mitigando a retrac?a?o da atividade econo?mica. Todos os segmentos registraram alta, sobretudo os destinados a?s fami?lias e os que envolvem contato pessoal. A avaliação é de que a trajeto?ria deve persistir no final de ano.
Segundo o boletim, a atividade econo?mica do Sul tem evolui?do de forma assime?trica ao longo do ano, com destaques positivos para a indu?stria e produc?a?o agri?cola no primeiro trimestre e para o come?rcio e a construc?a?o civil no segundo. A avaliação é de que “a normalizac?a?o da cadeia de suprimentos industriais, inclui?dos semicondutores para o setor automotivo e insumos agri?colas, especialmente defensivos, e? essencial para garantir dinamismo adicional a? economia do Sul”.