O Tesouro Nacional receberá do BC (Banco Central) uma transferência no valor de R$ 28,163 bilhões este ano, segundo dados publicados na quarta-feira (8). O montante se refere ao resultado positivo do balanço da instituição no ano passado e não terá impacto no resultado primário.
A transferência poderá ser usada pelo Tesouro exclusivamente para o pagamento da DPMF (Dívida Pública Mobiliária Federal). Esse repasse é regulamentado pela Lei 13.820, de 2019, que dispõe sobre obrigações financeiras entre a União e o BC.
Além disso, o documento informou que um resultado positivo no balanço da autarquia – depois da constituição de reservas – é considerado uma obrigação com a União, segundo a “CNN Brasil”.
No ano de 2024, o resultado do BC foi positivo em R$ 270,942 bilhões, segundo dados divulgados pela autarquia na quarta-feira.
Em paralelo a isso, o lucro da autoridade monetária somou R$ 242,785 bilhões com operações cambiais, incluindo os swaps cambiais e o resultado líquido das reservas internacionais. Outros R$ 28,157 bilhões foram ganhos a partir de outras fontes.
Haddad diz que não concordará sempre com Galípolo sobre atuação do BC
Na avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sua relação de confiança e proximidade com o economista Gabriel Galípolo, novo presidente do BC (Banco Central) não trará qualquer interferência do governo federal na condução da política monetária pela autarquia. O ministro afirmou que “cada um está em seu papel” e que não irão “concordar sempre sobre diagnóstico e o que fazer”.
O ministro reiterou, durante entrevista no programa Estúdio i, da “GloboNews” nesta terça-feira (7), que seu papel é “resolver tecnicamente o problema” e que era isso que fazia com Roberto Campos Neto, antecessor de Galípolo, e o que fará com o novo comando.
“Isso não significa dizer que nós vamos concordar sempre sobre o diagnóstico e o que fazer, mas cada um está no seu papel”, completou o ministro da Fazenda.
“Eu posso chegar um dia para o Gabriel: será que vocês estão tomando a decisão correta? Mas a decisão [sobre a taxa básica de juros] é dele e do colegiado do Copom [Comitê de Política Monetária do BC]. Eu posso subsidiá-lo com informações, como ele consulta gente do mercado, ele consulta gente do governo, ele consulta gente do setor produtivo”, prosseguiu Haddad.
Uma das afirmações de Haddad é que o BC “não consulta só os bancos’, tem um “apanhado” de informações e dialoga com a sociedade, porém, quando se trata da decisão, há um colegiado de nove pessoas que se reúnem, fecham as portas e tomam uma decisão autônoma.
“Isso não vai mudar com o Gabriel, e eu tenho a absoluta confiança de que ele sabe qual a missão do Banco Central.”
Haddad reforçou o discurso já indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o governo não fará qualquer pressão sobre a autoridade monetária.
“Eu vi e ouvi as conversas que precederam o convite do presidente ao Galípolo e o presidente deixou absolutamente claro que, independentemente de lei, ele ia tratar o Banco Central com a mesma deferência, com o mesmo respeito com que ele tratou o [Henrique] Meirelles [presidente do BC nos dois primeiros mandatos de Lula]”, concluiu.
Galípolo fez parte da equipe econômica do Governo Lula antes de chegar à presidência do BC, atuando como secretário-executivo do Ministério da Fazenda – cargo considerado o “número 2 de Haddad” na pasta.