BCE pode elevar juros já no 4º tri de 2022, diz Knot

O presidente do banco central holandês também aposta em uma segunda alta, provavelmente no início de 2023

O presidente do banco central holandês e membro do conselho de administração do Banco Central Europeu (BCE), Klaas Knot, afirmou neste domingo (6) que espera ver a instituição elevando as taxas de juros no quarto trimestre deste ano.

Knot, conhecido por ter um dos tons mais agressivos entre os membros do conselho do BCE, participou do programa de televisão holandês Buitenhof e afirmou que apoia o encerramento do programa de compra de ativos do banco central da zona do euro o mais rápido possível.

“Pessoalmente, espero que nosso primeiro aumento de taxas ocorra por volta do quarto trimestre deste ano… Normalmente, aumentaríamos as taxas em 0,25 ponto percentual, não tenho motivos para esperar que tomemos um passo diferente”, disse. 

O político adicionou ainda que aposta em uma segunda alta, provavelmente no começo de 2023.

As falas de Knot são repercutidas após a presidente do BCE, Christine Lagarde, comentar na última quinta-feira (3) sobre a possibilidade de um aumento da taxa de juros em 2022, porém a mesma disse que era “improvável”.

Primeiramente, o banco deve focar em fechar seus programas de compra de ativos, que tendem a ser reduzidos em etapas para 20 bilhões de euros por mês até o quarto trimestre. 

Apesar disso, desde quinta os mercados de títulos passaram a precificar em torno de 40 pontos-base de aumentos de taxas até dezembro.

“Os dois primeiros aumentos da taxa se seguirão rapidamente, pois nos tirarão do território negativo”, apontou Knot.

“Depois disso, se não virmos uma espiral de preços e salários e as expectativas de inflação permanecerem ancoradas em nossa meta de 2%, não há muita razão para aumentarmos as taxas de forma significativa e rápida.”

Ao fim da entrevista, o presidente do banco central da Holanda destacou que a inflação na zona do euro, de 5,1% em janeiro, estava muito alta e há chances de que a mesma se mantenha assim até 2023, antes de virar para queda. Ele ressalva que o cenário é previsto caso não haja mais aumentos inesperados nos preços da energia.