Black Friday do varejo digital é a pior da história

A queda foi de 28% nas vendas na sexta-feira (25) em relação a 2021, para R$ 3,1 bilhões

O varejo digital registrou a pior Black Friday da sua história neste ano, após um recuo de pedidos e no valor gasto por compra. A queda foi de 28% nas vendas na sexta-feira (25) em relação a 2021, para R$ 3,1 bilhões, em cima de uma base fraca de comparação, já que o ano passado havia registrado o menor crescimento na data, até então.

Com o resultado ruim na Black Friday, as atenções se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal. O recuo na sexta-feira, data principal do evento, equivale a R$ 1,2 bilhão a menos em vendas do que o ano anterior.

Os números foram levantados pelo monitoramento fechado no sábado (26) pela Confi Neotrust, empresa de dados com foco no digital, em parceria com a ClearSale, voltada para prevenção a riscos. Há o efeito da recente deterioração do poder de compra, mas também do baixo nível de confiança na economia em 2023.

É a primeira vez, em 12 anos de evento, em que há uma retração nas vendas, o que causou surpresa em associações e consultores. Todas as regiões do país tiveram queda. Consultores e entidades estimavam alta nominal de 3% a 9%.

“Não esperávamos isso, as pessoas não consumiram, ainda vivemos um período econômico difícil. E havia uma ansiedade grande nas empresas, todo mundo querendo recuperar um pouco os números do ano”, diz Matheus Manssur, superintendente comercial de comércio eletrônico na CleasSale, segundo o “Valor”. 

Houve ainda impacto do encarecimento dos produtos após aumentos seguidos de preços de bens duráveis, e da escalada da taxa Selic, reduzindo a capacidade de compra. 

Desde a última Black Friday, a Selic quase dobrou e as taxas de juros no carnê do comércio variam atualmente de 8% a 15% ao mês, de acordo com a publicação. 

“Tivemos o jogo do Brasil na quinta-feira, o que gerou dispersão. Mas houve outros efeitos. Apesar das expectativas, o próprio comércio optou pela racionalidade e não criou ofertas e ações de mídia tão fortes. E ainda antecipou promoções para outubro e primeiras semanas de novembro, espalhando a venda. É o caso de pensar se está valendo mesmo diluir tanto a Black no mês”, disse Manssur.

Chama a atenção o fato de que, mesmo com esse desempenho ruim do segmento até setembro, o recuo se acentuou ainda mais na Black. De janeiro a setembro, a taxa de queda era menor, de 3,6%.

A antecipação nas vendas em outubro e novembro pode ter tirado algum fôlego da Black na sexta-feira, porém, mesmo de 1 a 25 de novembro, a pesquisa relata um recuo de 8,5%, para R$ 16,5 bilhões, superando os 3,6% de setembro. 

Pix entra como destaque positivo na Black Friday

Entre os aspectos positivos da data promocional estão o aumento da fatia da modalidade de pagamento Pix nas vendas, superando o uso do boleto pela primeira vez. O Pix eleva a soma de recursos diretamente no caixa, melhorando até mesmo a gestão de estoques. Cartão de crédito respondeu por 54,2% das operações, seguido conta digital, cashback, débito (16,3%), Pix (15,7%) e boleto (13,8%).

A partir de agora, a necessidade de buscar resultados se volta para o Natal com uma venda mais diluída do que a Black Friday, e historicamente, com preços mais “cheios” e menos ofertas.

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