BNDES lucra R$ 5,3 bilhões no segundo trimestre

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) lucrou R$ 5,3 bilhões no segundo trimestre, resultado impactado pela venda de títulos de dívida da mineradora Vale, que renderam um resultado líquido positivo de R$ 2,1 bilhões.
No primeiro semestre, o banco acumula lucro de R$ 15,1 bilhões, com forte impacto de operações de venda de ações de Vale e Klabin. Desconsiderando os fatores não recorrentes, o lucro do semestre seria de R$ 4,8 bilhões.
A venda dos títulos da Vale, que rendeu uma receita de R$ 3,8 bilhões, é parte da estratégia do banco de desinvestir em ativos mobiliários e reduzir sua carteira de participações em empresas, que chegou ao fim de junho avaliada em R$ 69,3 bilhões.
Os títulos são chamados debêntures participativas e foram emitidos durante o processo de desestatização da mineradora para garantir aos acionistas pré-privatização parte do lucro da produção de minas que ainda não operavam quando o controle foi vendido.
Com os elevados lucros, o banco vem acelerando o pagamento antecipado ao Tesouro Nacional de recursos emprestados para subsidiar empréstimos durante os governos petistas. Em 2021, já foram antecipados R$ 54,5 bilhões, além das parcelas de R$ 8,9 bilhões que venceram no ano.
A expectativa é que outros R$ 45,5 bilhões sejam antecipados ainda este ano, reduzindo o saldo final da dívida quase metade dos atuais R$ 99,7 bilhões. O restante será pago em 2022.
O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse que a acelerada devolução dos recursos não afeta a capacidade do banco de conceder empréstimos, que está relacionada ao seu capital e não ao volume de dinheiro que tem em caixa.
“Os R$ 100 bilhões que temos a devolver fazem parte de um plano para equacionar irregularidades detectadas no passado”, completou a diretora de Finanças do banco, Bianca Nasser, ressaltando que os empréstimos foram questionados pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Segundo ela, mesmo fazendo os pagamentos, o banco fechou o segundo trimestre com R$ 150 bilhões em caixa. “A gente não vê dificuldades em seguir atendendo a demandas por desembolsos”, afirmou.
No segundo trimestre, o BNDES desembolsou R$ 12,6 bilhões em empréstimos, quase 40% deste total para o setor de infraestrutura. Por porte de empresas, os pequenos e médios negócios responderam por 40% do valor e 96% do número de operações realizadas no período.
O valor da carteira de crédito do banco caiu de R$ 460,1 para R$ 438,4 bilhões. Segundo Nasser, a queda reflete a venda das debêntures participativas da Vale e a valorização do real, que reduziu o valor dos contratos de dívida em dólar.
Como parte de uma estratégia para tentar atrair investidores privados ao mercado de crédito de longo prazo no país, o banco coordenou no trimestre sua primeira operação de debêntures de infraestrutura. A operação, para financiar a térmica GNA-1, no Rio de Janeiro, levantou R$ 1,8 bilhão.
O BNDES entrou com 30% do total. “O desafio interno estratégico do BNDES é passar de uma situação em que era um monopolista distribuidor de subsídios para um banco que opera a mercado, mas com condições competitivas”, disse Montezano.
Como parte dessa estratégia de reposicionamento, o BNDES tem focado também em produtos votados à sustentabilidade. Nesse sentido, lançou uma linha de crédito ESG (sigla para políticas ambientais, de sustentabilidade e de governança), com R$ 1 bilhão, que terá taxa de juros variável de acordo com o atingimento de metas.
No fim de julho, anunciou que não financiará mais térmicas que usem carvão como combustível. A lista de restrições pode ser ampliada, com o objetivo de descarbonizar a carteira de empréstimos do banco.
Na área de projetos de concessão ou privatizações, o banco celebrou os leilões da CEA (Companhia Energética do Amapá), da companhia de transmissão de energia gaúcha CEEE-T e da concessão de serviços de água e esgoto no Rio de Janeiro, o maior leilão de saneamento do país.
A carteira de concessões, PPPs (parcerias público-privadas) e privatizações do BNDES conta hoje com 120 projetos, entre eles a privatização da Eletrobras, que o governo espera concluir até fevereiro de 2022.

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