Hoje, o Banco Central do Brasil publicou o Boletim Focus, o seu relatório semanal de expectativas de mercado. Nas projeções desta segunda, é necessário destacar o deslocamento constante das expectativas de inflação. Em 2021, o IPCA esperado se aproxima, cada vez mais, dos temidos “2 digitos”. O mercado espera um índice de preços de 9,17%, frente aos 8,96% projetados na última semana. A taxa básica de juros (SELIC) subiu nas projeções do BCB, chegando a 9,25%, frente aos 8,75% da última segunda-feira.
Para as projeções de crescimento, fica evidente, com a alta dos juros para controlar a inflação (ler aqui), a tendência de arrefecimento (baixa). Nas expectativas de mercado, o PIB projetado para 2021 ficou em 4,94%, variando pouco dos 4,97% das últimas projeções, câmbio de 5,50 USD/BRL (diferença irrisória das últimas projeções).
Para 2022, as expectativas projetam um ano mais complicado a cada reunião. Para esclarecer, a variação do crescimento esperada na semana passada era de 1,4%, representando decrescimento em relação aos 1,2% desta segunda. Ao mesmo tempo, o IPCA para 2022 ainda está distante dos 3,5% do centro da meta (ler aqui), atingindo 4,5% pelas expectativas. Por fim, com a postura mais assertiva com relação ao descontrole inflacionário, a SELIC projetada para o fim do próximo ano atingiu 10,25%.
Se for possível resumir o relatório desta semana, a análise fundamental mora na desancoragem de expectativas (Banco Central) e nas incertezas geradas pelo populismo eleitoral na esfera de gastos públicos. O resultado é o cenário descrito e lapidado a cada reunião: a recuperação econômica brasileira (que teve seu prelúdio em 2016) parece ter esmorecido e dado lugar ao retorno do populismo fiscal e das bravatas eleitorais, que só destroem a expectativa e confiança do mercado, que, sem horizonte de credibilidade, precificam o futuro da nossa economia.