BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A empolgação de Fábio Faria, ministro das Comunicações, com a possibilidade de que Elon Musk instale uma fábrica de chips semicondutores no Brasil contrasta com a tentativa do governo Jair Bolsonaro de liquidar o Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Avançada), único fabricante de semicondutores da América Latina.
Faria disse à revista Veja que convidou o bilionário a abrir no Brasil uma fábrica de semicondutores, produto escasso internacionalmente, e que Musk respondeu que era uma possibilidade.
“Eu o convidei a abrir uma fábrica de semicondutores aqui. Ele me disse que não fazia parte do core business investir em uma fábrica de semicondutores, afinal, ele gosta de investir apenas em tecnologias que ainda não existem, mas reconheceu que precisa de semicondutores para tudo. Um carro da Tesla, por exemplo, precisa de 10 mil peças”, disse o ministro.
O governo incluiu o Ceitec em pacote de desestatizações há dois anos e tenta avançar nas fases finais de extinção.
Chips semicondutores são essenciais para produtos tecnológicos de ponta, de computadores a carros e ao 5G. O Ceitec não tem em seu portfólio produtos para esse tipo de uso, mas poderia desenvolver peças para o setor automobilístico, que enfrenta escassez no último ano.
Embora tenha desenvolvido projetos e mais de 40 patentes de tecnologia, a empresa não dá lucro e há 12 anos depende dos recursos da União para sobreviver.
Os senadores Jaques Wagner (PT-BA), Jean Paul Prates (PT-RN), Humberto Costa (PT-PE), Paulo Paim (PT-RS) e Zenaide Maia (Pros-RN) assinam um projeto de decreto legislativo que susta os efeitos do decreto de Bolsonaro que determina a dissolução do Ceitec.