
Os governos do Brasil e dos EUA criaram um grupo de trabalho para discutir tarifas comerciais, conforme informado pelo Itamaraty nesta sexta-feira (7). O cenário ao redor tem os temores com o vai e vem da imposição de tarifas de importação pelo presidente norte-americano Donald Trump.
A deliberação foi acordada após uma conversa entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, com o novo representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer. Os executivos trataram das relações comerciais entre os dois países e o anúncio de tarifas dos EUA em setores como aço e alumínio.
De acordo com o Itamaraty, a primeira reunião pode acontecer virtualmente na próxima semana.
“Vieira ressaltou o superávit comercial em favor dos EUA na balança bilateral e o papel do Brasil no fornecimento de bens e insumos aos EUA. Ambos concordaram com a necessidade de iniciar diálogo em nível técnico sobre a relação comercial”, disse o Itamaraty em nota divulgada no X (antigo Twitter).
As tarifas de 25% prometidas por Trump para o aço e o alumínio importados para os EUA devem entrar em vigor em 21 de março, enquanto o republicano pretende introduzir “taxas recíprocas” ao país a partir de 2 de abril.
Recentemente, enquanto comentava sobre as medidas, o presidente dos EUA citou as tarifas que o Brasil aplica sobre o etanol, dentre outras cobranças que avaliou como injustas e prejudiciais aos EUA.
Na quinta-feira (6), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, fez uma videoconferência com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.
Na avaliação de Alckmin, o diálogo pode levar as partes a um entendimento positivo.
“O vice-presidente considerou positiva a conversa e acredita que, através do diálogo, será possível chegar a um bom entendimento sobre a política tarifária e outras questões que envolvam a política comercial entre os países”, apontou em nota.
Agro dos EUA ataca Trump e vê Brasil vencedor em guerra comercial
O agronegócio dos EUA está insatisfeito com as tarifas anunciadas pelo governo Trump. Produtores reconhecem o prejuízo de abastecer somente a demanda interna e o temor de que com a taxação da soja americana, outros países voltem-se para o Brasil.
A pressão sobre Washington ocorre em um momento em que o governo brasileiro lança seu primeiro esforço para negociar uma saída diplomática frente ao “tarifaço” estadunidense.
Um encontro entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick está marcado para esta quinta-feira (06). A reunião ocorre após Trump citar nominalmente o Brasil em discurso no congresso americano acusando de práticas tarifas injustas.