O Brasil lidera entre as grandes economias no pagamento de juros da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), conforme relatório do FSB (Conselho de Estabilidade Financeira) enviado à cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro.
Em 2023, a dívida pública brasileira alcançou 84,7% do PIB, enquanto os juros pagos corresponderam a cerca de 6% do PIB. Esse custo elevado está diretamente ligado ao tamanho da dívida, à capacidade de geração de riqueza do país e às condições macroeconômicas refletidas nas altas taxas de juros internas.
Entre os 24 países analisados pelo FSB, o Brasil se destacou negativamente. A Argentina, cuja dívida pública representava 154,5% do PIB — quase o dobro da brasileira —, destinou apenas 2,4% do PIB ao pagamento de juros.
Entre os países desenvolvidos, o Japão registrou a maior dívida pública em relação ao PIB, com 252,3%, mas pagou apenas 0,12% em juros. Seungo o “Valor”, a baixa taxa de juros japonesa reflete uma política monetária que, até maio de 2024, incluía juros negativos.
Impacto no orçamento
Segundo dados do IBGE, o PIB brasileiro de 2023 foi de R$ 10,9 trilhões. Com base no levantamento do FSB, o custo de juros alcançou R$ 649 bilhões — valor quatro vezes maior que o orçamento anual do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do país.
Essa discrepância reflete os desafios fiscais enfrentados pelo Brasil, que busca equilibrar suas contas em um cenário de juros elevados e alta dívida pública. O debate sobre medidas para reduzir esse peso financeiro está no centro das discussões econômicas atuais.
G20 abre com plano contra fome e consenso ameaçado
O maior encontro de chefes de Estado desde a Rio+20, em 2012, acontece nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro. O encontro do G20 ocorre em um momento marcado por desafios globais como eventos climáticos extremos, guerras e pobreza, além de novos desdobramentos políticos.
O Brasil, anfitrião da cúpula, coloca a agenda ambiental no centro das discussões, em um mundo que continua lidando com problemas graves para a sobrevivência humana. No entanto, a recente vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA trouxe obstáculos inesperados à construção de consensos.
Consenso ameaçado
A proximidade entre Trump e o presidente da Argentina, Javier Milei, acelerou revisões de temas que estavam bem encaminhados, como a taxação de grandes fortunas e o posicionamento em relação às guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
Apesar das dificuldades, há esforços para manter avanços. O G20 deve destacar em sua declaração final a importância de uma “discussão colaborativa” sobre a taxação de super-ricos, com o cuidado de respeitar a soberania fiscal de cada país. Segundo o Valor Econômico, o texto já foi aprovado pela maioria dos membros, mas está sujeito a alterações caso algum país solicite reabertura das negociações.