
A taxa de juros real voltou ao centro do debate após a chamada “superquarta”, quando Copom e Fed redefiniram suas políticas monetárias.
No Brasil, o Copom manteve a Selic em 15% ao ano, enquanto o Fomc reduziu em 0,25 ponto percentual, levando a taxa norte-americana ao intervalo de 3,5% a 3,75%.
Mesmo com o movimento simultâneo, o levantamento da MoneYou e da Lev Intelligence mostra que o Brasil segue com o 2º maior juro real do mundo, atrás apenas da Turquia.
A comparação considera a taxa de juros de mercado para 12 meses à frente e a inflação projetada no mesmo período.
Ranking global de juros reais: Brasil permanece no topo das maiores taxas
Os dados apontam que, em setembro, a Turquia lidera com 10,33%, enquanto o Brasil aparece com 9,44% de juro real. Na sequência vêm Rússia (7,89%), Argentina (7,14%) e México (5,21%).
A metodologia utiliza como base a taxa nominal de juros no vencimento mais líquido e desconta a inflação esperada, prática que permite avaliar o poder de remuneração real dos títulos de cada país.
Dessa forma, no bloco intermediário, economias como Indonésia, Hungria, África do Sul e Israel registram juros reais entre 2% e 2,5%.
Porém, do outro lado da tabela, mercados desenvolvidos apresentam taxas próximas de zero ou negativas, como Alemanha (0,03%), Espanha (0,02%), Portugal (-0,06%) e Holanda (-1,96%).
Brasil segue pressionado por juro real elevado
A permanência do Brasil na vice-liderança mundial reflete a combinação de Selic alta e inflação projetada mais baixa, o que amplifica o juro real.
Esse cenário mantém o País como destino competitivo para o capital estrangeiro em renda fixa, mas também prolonga o impacto restritivo sobre crédito, consumo e atividade econômica.
De acordo com o levantamento, a taxa real brasileira se manteve praticamente estável, mostrando apenas leve desaceleração no mês.
Como Fed e Copom influenciam o juro real global
A decisão do Fed de cortar 0,25 ponto tende a reduzir gradualmente o juro real norte-americano, que aparece no ranking com 0,4%. Entretanto, o Copom, ao manter a Selic em 15%, reforçou o caráter contracionista da política monetária local.
Esses movimentos mantêm a distância entre os dois países, com efeito direto nas expectativas para câmbio, fluxo de capitais e custo de financiamento doméstico.
O que é o juro real e por que ele importa
O juro real representa o retorno dos investimentos após descontar os efeitos da inflação. Em países com inflação baixa e juro nominal elevado, o retorno real tende a ser maior. Sendo assim, isso pode ajudar a atrair capital, mas também encarece o crédito e limita a expansão da economia.
Em suma, no caso brasileiro, o diferencial de juros permanece como um dos mais altos do planeta. Dessa forma, isso reforça o debate sobre os próximos passos da política monetária.
Confira Ranking completo:
1 – Turquia: 10,33%
2 – Brasil: 9,44%
3 – Rússia: 7,89%
4 – Argentina: 7,14%
5 – México: 4,21%
6 – Indonésia: 2,44%
7 – Hungria: 2,14%
8 – África do Sul: 2,07%
9 – Israel: 1,91%
10 – Filipinas: 1,79%
11 – Reino Unido: 1,43%
12 – Índia: 1,27%
13 – Austrália: 1,09%
14 – Hong Kong: 0,69%
15 – Chile: 0,58%
16 – República Tcheca: 0,58%
17 – Malásia: 0,51%
18 – Coreia do Sul: 0,48%
19 – Estados Unidos: 0,40%
20 – Grécia: 0,39%
21 – Itália: 0,35%
22 – Bélgica: 0,30%
23 – França: 0,19%
24 – Alemanha: 0,03%
25 – Espanha: 0,02%
26 – Portugal: -0,06%
27 – Áustria: -0,08%
28 – Nova Zelândia: -0,08%
29 – Polônia: -0,10%
30 – Tailândia: -0,26%
31 – China: -0,47%
32 – Taiwan: -0,50%
33 – Cingapura: -0,79%
34 – Colômbia: -0,86%
35 – Suíça: -0,96%
36 – Japão: -1,09%
37 – Suécia: -1,15%
38 – Canadá: -1,53%
39 – Holanda: -1,96%
40 – Dinamarca: -2,29%