Para 69% dos brasileiros, a inflação tem pesado principalmente sobre o consumo de alimentos e outros produtos domésticos em dezembro, enquanto 42% sentem a alta dos preços, sobretudo ao abastecer o carro, aponta pesquisa da Febraban.
Segundo o radar de expectativas do consumidor feito pela entidade, que representa os bancos, 19% dos entrevistados consideram que a inflação impacta, sobretudo, os gastos com serviços de saúde e remédios. Outros itens associados ao impacto da inflação tiveram percentuais inferiores a 10%, como os juros do cartão de crédito (8%), passagem de transporte público (6%) e pagamento da escola, faculdade ou outros serviços de educação (5%).
Ao olhar para o futuro, o brasileiro diz que gostaria de retomar em 2022 planos que foram adiados pela alta dos preços, a queda na renda e o desemprego persistente. A compra do imóvel é o maior desses sonhos, sendo que 35% disseram que gostariam de investir na casa própria, caso sobre dinheiro no orçamento.
Em segundo lugar, com 18%, aparecem empatados guardar dinheiro na poupança e a reforma da casa; fazer cursos e investir na educação vêm em seguida, com 17%, e viajar está nos planos de 10%.
Os resultados da pesquisa acompanham a disparada dos preços: o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), prévia da inflação oficial, subiu 0,78% em dezembro e encerrou o ano com alta acumulada de 10,42%, a maior taxa em seis anos. O maior aumento de custo dentro do IPCA-15 veio dos transportes, cujos preços dispararam 21,35% no ano.
Segundo o mais recente boletim Focus, do Banco Central, a expectativa dos agentes de mercado é que 2021 termine com uma inflação acumulada de 10,02%, contra os 10,04% calculados anteriormente. Esse resultado estaria bem acima da meta –de 3,75% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Golpes aumentam, mas maioria confia no Pix A maior parte dos entrevistados (85%) também diz aprovar o Pix –sistema de pagamentos eletrônico– e apenas 10% desaprovam. Os 5% restantes não sabiam ou não responderam. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a aprovação ao Pix alcança praticamente todos os entrevistados (99%). Os menos satisfeitos são os consumidores com 60 anos ou mais, que demonstraram uma aprovação de 65%.
Além disso, 71% disseram já ter usado a modalidade de pagamento, enquanto 28% disseram que ainda não utilizaram. Entre os golpes, o mais comum (48%) é o de clonagem de cartão de crédito ou troca de cartões. A menção a esse tipo de fraude chega a 63% entre quem tem de 25 a 44 anos.
O golpe da central falsa, em que alguém pede dados do consumidor por telefone, aumentou de 18% em setembro para 28% em dezembro, atingindo sobretudo a faixa de 45 a 59 anos. Em terceiro lugar (24%), destaca-se o golpe do WhatsApp, em que alguém se passa por um conhecido solicitando dinheiro.
A pesquisa também mediu a confiança que os entrevistados tinham nos bancos, nas empresas privadas e nas fintechs. No caso dos bancos, 58% dizem confiar, 36% não confiam e 6% não sabem ou não responderam; com as empresas privadas, 54% confiam e 36% não confiam; com as fintechs, o grau de confiança é de 56% ante 33% que não confiam.
As entrevistas foram feitas entre os dias 19 e 27 de novembro, com 3.000 pessoas acima de 18 anos e de todas as regiões do país. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos.