Comércio e política

BTG: América Latina está bem-posicionada para lidar com tarifaço

Exceto pelo México e pelo Chile, a América Latina é menos impactada diretamente pelo tarifaço, analisou o BTG Pactual

América Latina / Foto: CanvaPro
América Latina / Foto: CanvaPro

Na avaliação do BTG Pactual (BPAC11), a América Latina parece relativamente bem-posicionada para lidar com os efeitos do “liberation day”, de Donald Trump. Além disso, no cenário atual, o Brasil aparece como um vencedor relativo.

Exceto pelo México e pelo Chile, a América Latina é menos impactada diretamente pelo tarifaço, isso porque realiza menos comércio do que grande parte do restante do mundo, escreveu a equipe do BTG Pactual em relatórios assinado por Carlos Sequeira, chefe da área de análise e pesquisa do banco para América Latina.

“Como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru foram todos enquadrados na tarifa recíproca básica de 10%, a menor do mundo, isso provavelmente fortaleceu a posição competitiva da região no comércio com os EUA”, disse o banco.

“Globalmente, o comércio total como percentual do PIB está um pouco acima de 50%, enquanto a média dos seis mercados latino-americanos que cobrimos é de 46%. No entanto, se excluirmos o México, essa média cai para 39%, bem abaixo da média global”, comentou o BTG.

Paralelamente, o banco também analisou que a decisão de Trump sobre a América Latina se posicionou na linha dos países que os EUA parecem considerar aliadas próximas ou de importância estratégica (Reino Unido, Cingapura, Austrália, Arábia Saudita, Egito, Turquia etc.).

O BTG observou que isso pode sinalizar uma intenção dos EUA de retomar o engajamento com a região. 

BTG: tarifas mais brandas podem elevar presença do Brasil nos EUA

Depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas de 10% ao Brasil, menor que para outros parceiros comerciais, o BTG Pactual analisou que alguns setores brasileiros podem aumentar a participação no mercado norte-americano.

Trump anunciou na quarta-feira (2) que os produtos brasileiros importados pelos norte-americanos agora estão sujeitos a uma tarifa adicional de 10%. Enquanto isso, países como o Vietnã e a Índia, por exemplo, foram taxados em 46% e 26%, respectivamente.

Segundo Iana Ferrão e a equipe do BTG, para os produtos importados aos EUA de países com taxas mais altas há a chance do Brasil ter mais espaço para oferecer preços ou condições mais atraentes. Isso tornaria os produtos do país “relativamente mais competitivos”, segundo o “Money Times”.

Além disso, o BTG destacou também que o cenário global pode beneficiar os setores de commodities, sobretudo as commodities agrícolas e metálicas, se estes capturarem mercados que os norte-americanos podem perder devido a medidas retaliatórias impostas por seus parceiros comerciais.“Os EUA competem com o Brasil na exportação de uma variedade de produtos nesses setores”, destacaram.Nesse quadro, alguns setores da economia brasileira dependem mais fortemente das vendas aos EUA.

Entre eles, semimanufaturados de ferro e aço (71,8% das exportações destinadas ao país); veículos aéreos e espaciais (63,2%); motores e máquinas (61,9%); materiais de construção (57,9%)Outros setores com exposição não desprezível incluem: etanol (16%), café (16,7%) e produtos químicos (16%).