BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após quatro dias de invasão, os manifestantes responsáveis por 101 caminhões que ocupavam a Esplanada dos Ministérios retiraram os veículos das vias do local. Com o fim da interdição forçada das avenidas, o trânsito foi liberado até a altura do Ministério da Saúde, segundo informação da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do DF.
O ponto até onde flui o trânsito é praticamente o mesmo da barreira montada para impedir acesso ao Congresso Nacional, ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à Praça dos Três Poderes.
A barreira deve ser mantida até domingo, segundo integrantes da SSP, uma vez que permanecem manifestantes acampados na região da Esplanada e estão previstos atos a favor e contra o governo no domingo.
O plano é continuar barrando o acesso da via que leva ao STF, alvo do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores que compareceram à manifestação de viés golpista no 7 de Setembro.
Os 101 caminhões bloquearam vias da Esplanada por quatro noites e quatro dias, quebrando os acordos feitos com autoridades de segurança pública e invadindo espaços proibidos.
A invasão ocorreu na noite do dia 6, com a derrubada de dois bloqueios. Remanesceu uma única barreira, na altura do Itamaraty e próxima ao Ministério da Saúde.
A maior parte dos caminhões usados na manifestação, com pressão para invasão da via que leva ao STF, é ligada a empresas que atuam principalmente no agronegócio.
Os primeiros a saírem foram dez caminhões que levam a inscrição da empresa Pro Tork, colocados bem em frente ao Congresso, antes da grade de isolamento.
A Pro Tork é uma empresa que fabrica capacetes e equipamentos para motocicletas. Está sediada no Paraná. Os dez caminhões dispostos em frente ao Congresso auxiliavam na pressão por invasão à via que dá acesso ao STF.
A reportagem fez contato com a empresa e enviou perguntas sobre a razão do envio desses caminhões ao ato de natureza golpista. Não houve resposta.
Já os quatro caminhões identificados com logotipo do Grupo Brasil Novo, uma empresa de logística sediada em Florianópolis, foram retirados da via e colocados inicialmente no canteiro central da Esplanada.
O mesmo foi feito com os 17 caminhões identificados como sendo da Arroz e Feijão Grão Dourado e com os três veículos com a inscrição da Irmãos Chiari Agropecuária e da Dez Alimentos, empresas do interior de Goiás. Estas duas últimas pertencem aos mesmos donos.
Procurado, o Grupo Brasil Novo disse que “não tem interesse em aparecer na mídia”.
A Grão Dourado não deu retorno aos questionamentos da reportagem.
A Dez Alimentos, por meio de um de seus representantes, afirmou que os caminhões presentes na Esplanada são de caminhoneiros que prestam serviço à empresa com exclusividade na “carga de ida”. Mesmo assim, segundo a empresa, eles teriam participado da manifestação por conta própria.