O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (12) que o novo arcabouço fiscal teve efeito nas expectativas de inflação.
“Quando você faz um arcabouço, que pode ser que a dívida não caia, mas elimina o risco de cauda, os juros futuros passam a cair. Está abrindo um ambiente para a gente trabalhar com juros mais baixos mais à frente. Sim, o arcabouço teve esse efeito [nas expectativas de inflação]”, disse Campos Neto em evento promovido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), em São Paulo.
Campos Neto também teceu elogios ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). “O ministro Haddad tem feito um grande esforço contra um movimento grande do próprio governo, a gente reconhece isso sempre. Parte do trabalho já está sendo feito porque os juros futuros já estão caindo. O que o BC faz hoje não tem efeito imediato, as expectativa está indo na direção correta”, disse.
Além disso, Campos Neto reiterou que o BC olha a inflação corrente, hiato do produto e as expectativas futuras na decisão sobre os juros. “Uma das coisas que fazem com que a inflação futura oscile muito é a percepção de que o fiscal está desarrumado. No Brasil tivemos três experiências com isso, no mundo também temos casos”, pontuou o presidente do órgão monetário.
Goldman Sachs diz que BC pode cortar juros em agosto
A Goldman Sachs escreveu na última sexta-feira (9) que espera que o Banco Central comece a cortar a atual taxa de juros a partir de agosto deste ano. Em maio, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a Taxa Selic inalterada em 13,75%.
Na visão da Goldman Sachs, a orientação dada pelo BC de corte na taxa de juros foi “um pouco menos agressiva”, pontuando que as declarações pós-reunião e as atas vieram em linha com o fato do Copom permanecer vigilante e conservador, já que a busca pela desinflação é um trabalho em andamento.
“Estamos em uma fase em que os ganhos de desinflação tendem a ser mais lentos, em um cenário em que as expectativas permanecem sem amarras e o mercado de trabalho está apertado”, disse o relatório do Goldman Sachs.
Entretanto, a instituição financeira também vê algumas mudanças ocorridas em relação ao cenário inflacionário.
“No geral, esperamos que o Copom espere até a reunião de agosto para começar a cortar gradualmente. Mas, dadas as perspectivas instáveis de política fiscal e parafiscal e dependendo de como vai evoluir a decisão do final de junho sobre a(s) meta(s) de inflação para 2024-2026, uma espera mais longa para começar a aliviar não pode ser descartada”, reiterou o banco norte-americano.
No texto, a Goldman Sachs também lembrou os dados do primeiro trimestre do PIB no Brasil, impulsionados pela contribuição das exportações e acúmulo de estoques. Segundo a casa, esses dados podem contribuir para a decisão de agosto do Copom.